Quando a crise mostra a sua face
“E disseram-me: Os restantes, que não foram levados para o cativeiro, lá na província estão em grande miséria e desprezo, e o muro de Jerusalém, fendido, e as suas portas, queimadas a fogo” (Ne 1.3).
Somente uma liderança guiada e orientada por Deus pode vencer a crise.
Neemias 1.1-7.
1 - As palavras de Neemias, filho de Hacalias. E sucedeu no mês de quisleu, no ano vigésimo, estando eu em Susã, a fortaleza,
2 - que veio Hanani, um de meus irmãos, ele e alguns de Judá; e perguntei-lhes pelos judeus que escaparam e que restaram do cativeiro e acerca de Jerusalém.
3 - E disseram-me: Os restantes, que não foram levados para o cativeiro, lá na província estão em grande miséria e desprezo, e o muro de Jerusalém, fendido, e as suas portas, queimadas a fogo.
4 - E sucedeu que, ouvindo eu essas palavras, assentei-me, e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus.
5 - E disse: Ah! Senhor, Deus dos céus, Deus grande e terrível, que guardas o concerto e a benignidade para com aqueles que te amam e guardam os teus mandamentos!
6 - Estejam, pois, atentos os teus ouvidos, e os teus olhos, abertos, para ouvires a oração do teu servo, que eu hoje faço perante ti, de dia e de noite, pelos filhos de Israel, teus servos; e faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel, que pecamos contra ti; também eu e a casa de meu pai pecamos.
7 - De todo nos corrompemos contra ti e não guardamos os mandamentos, nem os estatutos, nem os juízos que ordenaste a Moisés, teu servo.
O livro de Neemias narra todo o processo de reconstrução dos muros de Jerusalém. A serviço de Artaxerxes, rei da Pérsia, Neemias recebeu um triste diagnóstico social da Cidade Santa e pôs-se a orar pela intervenção de Deus em favor de Jerusalém. Como resposta de sua prece, o capítulo 2 descreve que, através de Artaxerxes, Neemias foi nomeado governador da cidade e iniciou a restauração moral e política de Jerusalém. Portanto, antes de iniciar a lição deste domingo, apresente aos alunos o esboço geral do livro de Neemias (conforme o quadro abaixo).
Ao longo deste trimestre, estudaremos a vida, a obra e o ministério de Neemias. Veremos como se deu a reconstrução dos muros de Jerusalém por Israel e como este, ao se voltar à Palavra de Deus, teve a sua fé renovada.
Nesta lição, em particular, destacaremos os aspectos biográficos de Neemias. Estudaremos também a crise que o levou a interceder diante de Deus por seu povo e a agir, ousada e sabiamente, a fim de restaurá-lo espiritual e moralmente.
A CRISE EM JERUSALÉM
1. Antecedentes históricos. Por causa de sua deliberada desobediência ao Senhor, o reino do Norte, composto por dez tribos, foi destruído pela Assíria que, para humilhar ainda mais os filhos de Israel, levou-os cativos à Mesopotâmia. Isso aconteceu em 722 a.C. Em 586 a.C, foi a vez do reino do Sul. Veio Nabucodonosor contra Jerusalém, deitou por terra o Santo Templo e derribou os muros da Cidade Santa. Em seguida, levou os filhos de Judá cativos a Babilônia, onde permaneceriam durante setenta anos (Jr 25.11).
2. Deus dá o escape. Com a ascensão do império medo-persa no ano 536 a.C, o rei Ciro, instigado por Deus, permite que um grupo de judeus retorne a Jerusalém, a fim de reconstruir os muros da cidade e reerguer o Santo Templo (Dn 8.3; Ed 1.1). O Senhor sempre dá um escape aos seus servos, quando estes o honram e lhe obedecem à Palavra. Observemos que Ciro era um rei gentio. Isso nos mostra que Deus, para cumprir o seu propósito, usa a quem Ele quer e como quer.
3. A volta com Zorobabel. Sob a proteção de Ciro, uma primeira leva de 42.360 judeus, sob a liderança de Zorobabel, retorna a Jerusalém, para reconstruir a cidade e a Casa de Deus (2 Cr 36.22,23; Jr 29.10). No Êxodo, a população de Israel era, de acordo com alguns cálculos, de aproximadamente três milhões de pessoas. Mas esse número foi decrescendo à proporção que o povo se rebelava contra Deus. A desobediência é pecado e todo pecado traz irreparáveis consequências. Por isso, deve o crente afastar-se da iniquidade e de tudo que lhe possa prejudicar a comunhão com o Senhor.
Zorobabel começou a reconstrução pelo altar (Ed 3.2,3). Se este acha-se em ruínas, nada prospera no meio do povo de Deus. Algum tempo depois, os inimigos levantaram-se e denunciaram a reconstrução da cidade ao rei medo-persa que, nessa ocasião, era Artaxerxes. Eles pediram-lhe que ordenasse a paralisação dos trabalhos. Mas, com a subida de Dario ao trono, a obra foi retomada e concluída (Ed 6). O Santo Templo foi reinaugurado em 516 a.C (Ed 6.13-22).
O CHAMADO DE NEEMIAS
1. Quem era Neemias. Seu nome significa “Deus consola”. Ele era filho de Hacalias e o seu irmão chamava-se Hanani (Ne 1.1; 7.2). Na corte persa, exerceu a função de copeiro do rei Artaxerxes I. Como se vê, Deus usa as pessoas segundo o seu querer e de acordo com a sua vontade.
2. Chamado por Deus. Catorze anos depois da expedição de Esdras a Jerusalém, em 444 a.C, Neemias recebe urgentes e preocupantes notícias de Jerusalém. Apesar de o Santo Templo já estar funcionando conforme as leis levíticas, a cidade encontrava-se ainda abandonada (Ed 6.14-16; Ne 1.1.2). Ele, então, sente o chamado de Deus para deixar o conforto palaciano e viajar para Israel, a fim de reconstruir os muros da Cidade Santa que se achavam fendidos “e as suas portas, queimadas a fogo” (Ne 1.3).
Aqui, temos uma grande lição. Templo sem muros é igreja sem doutrina. E as portas queimadas representam o liberalismo que, infelizmente, predomina em muitas igrejas, facilitando a entrada de costumes mundanos entre os santos. Não é o que ocorre em nossos dias? Que jamais venhamos abandonar os padrões bíblicos de santidade, conduta e ética.
3. Orando em tempos de crise. “Assentei-me e chorei” (Ne 1.4). Ao tomar conhecimento da situação de seu povo, em Jerusalém, Neemias sentiu-se incomodado e pôs-se a orar ao Senhor. Sua oração, regada com abundantes lágrimas e acompanhada de jejum, lamentos, adoração e confissão, é um exemplo de como um homem de Deus deve proceder em momentos de crise (Ne 1.5-10). Ele fez o que o Senhor ordenou em 2 Crônicas 7.14. Neemias orou durante quatro meses antes de se dirigir ao rei (cf. 1.1 e 2.1). A oração é a chave que nos abre as portas dos céus. Neemias não confiava em sua capacidade ou habilidades diplomáticas. Sua confiança estava no Todo-Poderoso que ouve e responde as nossas orações.
A INTERCESSÃO DE NEEMIAS
1. Ele Adorou a Deus. “E disse: Ah! Senhor, Deus dos céus, Deus grande e terrível, que guardas o concerto e a benignidade para com aqueles que te amam e guardam os teus mandamentos!” (Ne 1.5). Neemias não iniciou sua oração, pedindo; iniciou-a, adorando a Deus. Antes de pedir, de suplicar, o crente deve adorar e exaltar o nome do Senhor. Adore ao Senhor pelo que Ele é independentemente do que venha a fazer em seu favor.
2. Ele intercedeu por seu povo (Ne 1.6). Hoje, mais do que nunca, há necessidade de contínua intercessão pela família, pela igreja e pela nação. A sociedade atual em nada difere de Sodoma e Gomorra. Os governos posicionam-se abertamente contra os princípios da Palavra de Deus. O aborto é defendido como “caso de saúde pública” e não de ética ou de moral. O homossexualismo tem expresso apoio das autoridades. Por isso, a Igreja precisa orar e suplicar ainda mais a intervenção de Deus em nossa nação (2 Cr 7.14). Temos de interceder, chorar e jejuar por nosso país antes que seja tarde.
3. Ele fez confissão de pecados (Ne 1.6b). A confissão foi certamente um dos pontos altos da oração de Neemias. Ele tinha consciência do pecado de seu povo contra Deus. Aliás, Israel mesmo conhecia as advertências dos profetas quanto à desobediência à lei divina. Uma das mais terríveis era a sua dispersão pelas nações (Ne 1.9). Foi exatamente o que aconteceu: os judeus amargaram setenta anos de exílio em Babilônia (Jr 25.11,12; 29.10). Para castigar, Deus tem limites, mas para abençoar, é ilimitado. Sua benignidade é para sempre (Sl 106.1).
Nesta lição, aprendemos que Deus levanta homens, como Neemias, para executar seu propósito. O bravo e sábio judeu liderou a reconstrução de Jerusalém e a restauração espiritual do seu povo. Ele não se limitou a orar pela nação, mas agiu e não se curvou às circunstâncias. Precisamos de homens de oração e iniciativa para que ajudem na restauração moral e espiritual de nossa gente.
“Independente da visão da autoria de Esdras e Neemias e a sua relação com Crônicas, o ponto de vista teológico da coleção [Livros de Esdras, Neemias e 2 Crônicas] é essencialmente o mesmo. A mensagem é endereçada à comunidade pós-exílica dos judeus que desejam saber se há esperança de restauração política e religiosa. O tema central é que há realmente esperança, mas essa esperança tem de estar concretizada na reconstrução do Templo, do culto e do sacerdócio. Só quando os judeus remanescentes se tornassem a nação teocrática, fundamentada e fiel ao concerto que o Senhor fez com os seus pais, é que poderiam reavivar a casa davídica e esperar o reinício do seu papel de mediação entre as nações da terra. Esdras e Neemias são incumbidos de esclarecer (1) a Pessoa e obras de Deus, (2) a identidade e função de Israel como povo do concerto e (3) a natureza do concerto nos tempos pós-exílicos” (ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1.ed., RJ: CPAD, 2009, p.210).
“Nem todo o mundo tem o nome de Neemias em sua lista de personagens bíblicos favoritos. Imagino que isso se deva a, pelo menos, duas razões: Para começar, a maioria dos cristãos conhece bem pouco sobre ele. Suas leituras do Antigo Testamento são incompletas, e o livro de Neemias não é mencionado no Novo Testamento, inferem que não seja importante e não se interessam por ele. Se lhes fosse dito como é forte o caso que o liga a Moisés refundador da nação, para cuja criação Deus usou Moisés, ficariam surpresos. Além disso, aqueles que conhecem algo a seu respeito formaram uma imagem desagradável dele, que os impede de levá-lo a sério como homem de Deus. Veem-no como uma pessoa um tanto selvagem, que lançava a própria carga sobre os outros e nunca foi uma companhia agradável, em circunstância alguma. Notam as imprecações em suas orações: ‘Caia o seu opróbrio sobre a sua cabeça, e faze com que sejam um despojo, numa terra de cativeiro. E não cubras a sua iniquidade, e não se risque diante de ti o seu pecado’ (Ne 4.4,5; compare com 6.14 e 13.29, onde ‘lembrar’ significa ‘lembrar para julgamento’). Observam que, ao menos em uma ocasião, ele amaldiçoou e espancou seus compatriotas, e arrancou-lhes os cabelos (13.25). E então concluem que, dificilmente, ele era um homem bom; decerto, não um homem de grande estatura espiritual, de quem se pode aprender lições preciosas. Qual é o comentário para tal avaliação? Primeiro, havia algumas arestas realmente ásperas em Neemias; todo líder as possui. Com base nos quatro temperamentos, ele parece ter sido um homem colérico, rijo, indócil e franco, que se sentia extremamente feliz despendendo energia em projetos desafiadores, e que achava mais fácil fazer do que ser. Pessoas desse tipo são sempre consideradas assustadoras, em particular quando, guiadas por seu zelo, falam e agem de modo excessivamente enfático — o que acontece com frequência. Segundo, Deus prepara Neemias para uma tarefa que um homem menos franco não seria capaz de executar. E, terceiro, a limpeza que Jesus fez no Templo e a acusação que lançou aos fariseus foram mais rudes que qualquer coisa feita por Neemias. Se achamos que a impetuosidade de Jesus era justificada, podemos admitir a possibilidade de que a de Neemias também fosse. Todavia, não defendo que Neemias tenha sido impecável. Eu seria tolo e beiraria à blasfêmia, se o fizesse. Jesus Cristo é o único homem sem pecado encontrado na Bíblia. [...] Todo servo de Deus falha, de um modo ou de outro, e Neemias não era a exceção à regra. Contudo, a sua força era maravilhosa. Por isso, espero que ninguém perca o interesse nesse estadista, simplesmente por havermos concordado que ele não era perfeito” (PACKER, J. I. Neemias — Paixão pela fidelidade. 1.ed., RJ: CPAD, 2011, pp.35,36).
Liderança em tempos de crise
“Então, lhes respondi e disse: O Deus dos céus é o que nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos; mas vós não tendes parte, nem justiça, nem memória em Jerusalém” (Ne 2.20).
Neemias 2.11-18.
11 - E cheguei a Jerusalém e estive ali três dias.
12 - E, de noite, me levantei, eu e poucos homens comigo, e não declarei a ninguém o que o meu Deus me pôs no coração para fazer em Jerusalém; e não havia comigo animal algum, senão aquele em que estava montado.
13 - E, de noite, sai pela Porta do Vale, para a banda da Fonte do Dragão e para a Porta do Monturo e contemplei os muros de Jerusalém, que estavam fendidos, e as suas portas, que tinham sido consumidas pelo fogo.
14 - E passei à Porta da Fonte e ao viveiro do rei; e não havia lugar por onde pudesse passar a cavalgadura que estava debaixo de mim.
15 - Então, de noite, subi pelo ribeiro e contemplei o muro; e voltei, e entrei pela Porta do Vale, e assim voltei.
16 - E não souberam os magistrados aonde eu fui nem o que eu fazia; porque ainda até então nem aos Judeus, nem aos nobres, nem aos magistrados, nem aos mais que faziam a obra tinha declarado coisa alguma.
17 - Então, lhes disse: Bem vedes vós a miséria em que estamos, que Jerusalém está assolada e que as suas portas têm sido queimadas; vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém e não estejamos mais em opróbrio.
18 - Então, lhes declarei como a mão do meu Deus me fora favorável, como também as palavras do rei, que ele me tinha dito. Então, disseram: Levantemo-nos e edifiquemos. E esforçaram as suas mãos para o bem.
A liderança eficaz em tempos de crise — exemplificada na vida de Neemias — revela a prudência, a sabedoria e a coragem como elementos essenciais na vida de um líder. Podemos, de acordo com as palavras de Harris W. Lee, dizer que a “liderança é o que move as pessoas e as organizações para que cumpram seus alvos”.Tal padrão de liderança é indispensável para que a igreja local faça o seu caminho e cumpra o seu propósito, dirigida pelo Espírito Santo. Portanto, precisamos de lideres que reflitam o caráter íntegro da liderança de Cristo Jesus, o nosso Senhor!Abnegado e fiel servo de Deus, ele tornou-se um exemplo para a liderança da igreja atual. Neemias destacava-se por um elevado senso de organização, humildade e coragem. Era um líder completo.Ao chegar a Jerusalém, ele procurou agir com muita prudência e cuidado. A ninguém revelou o que Deus lhe havia posto no coração (Ne 2.12,16). Em nenhum momento prevaleceu pelo fato de lá estar sob a autoridade do rei. Neemias sabia exatamente em quem confiar.
AS CARACTERÍSTICAS DO LÍDER NEEMIAS
1. Um líder corajoso. Neemias entristeceu-se profundamente ao tomar conhecimento do lamentável estado em que se achava Jerusalém. E Artaxerxes logo percebeu que havia algo de errado com o seu copeiro, pois não se podia demonstrar contrariedade diante do rei. Embora estivesse se arriscando perigosamente, Neemias, com muita coragem e ousadia, contou ao rei o motivo de seu abatimento. Intrépido e resoluto, pediu-lhe permissão para ajudar o seu povo que se encontrava na terra de Israel. Solicitou-lhe também cartas que lhe dessem salvo-conduto em sua viagem e lhe propiciassem o patrocínio da restauração de Jerusalém (Ne 2.7,8). Sua coragem e ousadia vinham da confiança que depositava em Deus. Você tem confiado inteiramente no Senhor?
2. Um líder prudente. Ao chegar a Jerusalém, Neemias agiu com muita discrição e prudência. Como não queria chamar a atenção dos inimigos, observou, durante vários dias, sempre à noite, o estado em que se encontravam os muros e as portas da cidade. A ninguém contou a respeito dos seus planos (Ne 2.16). Ele só veio a revelar o que Deus lhe havia posto no coração, no momento oportuno (Ne 2.18). O verdadeiro líder age e fala na hora certa e o faz sábia e discretamente.
3. Um líder que sabia lidar com a oposição. Sambalate, Tobias e Gesém, não queriam o bem dos filhos de Israel (Ne 2.10). Por isso, tentaram várias vezes paralisar a reconstrução dos muros de Jerusalém. Primeiro, buscaram desanimar os judeus, ridicularizando-os e lançando-lhes impropérios (Ne 2.19). Depois, os acusaram de traição e, por fim, tudo fizeram por ganhar a amizade de Neemias, oferecendo-lhe, inclusive, ajuda na restauração da cidade. Ele, porém, sempre prudente e sábio, respondeu-lhes: “O Deus dos céus é o que nos fará prosperar” (Ne 2.20). Neemias não perdeu tempo discutindo com seus opositores, pois a missão que recebera do Senhor exigia muito trabalho, esforço e dedicação.
Obreiro do Senhor, não perca tempo com os adversários. Dedique-se fielmente ao seu ministério.
ASPECTOS DA LIDERANÇA DE NEEMIAS
1. Neemias motiva seus liderados. Segundo J. Packer “todo líder verdadeiro é um mestre da motivação”. Arrancar o povo da apatia não era tarefa fácil. Entretanto, Neemias soube como motivar seus liderados, levando-os a se comprometerem de tal forma com a obra, que “o coração do povo se inclinava a trabalhar” (Ne 4.6). Ele fez com que todos se sentissem importantes na realização de suas tarefas. Você tem motivado seus auxiliares?
Neemias também demonstrou possuir um elevado senso de justiça. Ele não usou de sua posição para dominar seus conterrâneos. Para dar exemplo de austeridade, veio a renunciar até mesmo ao sustento a que tinha direito (Ne 5.14-18).
2. Neemias estabelece parcerias. Neemias tinha consciência de que, sozinho, não poderia cumprir a sua missão. Por isso, estabeleceu parcerias. Ele não disse “vão”, “façam”, “que eu ficarei olhando e orando”, mas participou ativamente dos trabalhos: “Levantemo-nos e edifiquemos” (Ne 2.18). Líder não é o que manda, mas o que comanda; líder não é o que ordena: “façam”, mas o que motiva: “façamos”. O pseudo líder esbraveja: “Aqui, quem manda sou eu!”. Quem assim age, jamais será um líder, mas um capataz. Sozinho, não temos como completar a nossa missão. Precisamos de cooperadores.
3. Neemias prima pela organização. Neemias tinha um grande senso de organização. Observe como ele fez a escalação dos construtores (Ne 3). Sua estratégia organizacional permitiu que todas as partes do muro fossem edificadas simultaneamente. E possibilitou, também, uma maior unidade, pois todos foram envolvidos no trabalho: sacerdotes, levitas, serventes e o povo. Até as mulheres deram a sua contribuição (Ne 3.12).
É HORA DE RECONSTRUIR
1. Uma cidade destruída. A situação de Jerusalém era caótica. A cidade havia sido tomada pela miséria espiritual, moral, social e econômica. Tudo isso acontecera como resultado da rebeldia de Israel contra o Senhor. O pecado só produz destruição e morte. Infelizmente, algumas igrejas vivem situação semelhante. Elas precisam saber que o caminho da reconstrução passa, necessariamente, pelo arrependimento, confissão de pecados e o imediato abandono destes. Deus haverá de restaurar prontamente o seu povo: “Eu vejo os seus caminhos e os sararei; também os guiarei e lhes tornarei a dar consolações” (Is 57.18).
2. Dedicação total ao trabalho. Por que os judeus se renderam à liderança de Neemias? Porque liderança se faz com exemplo e Neemias era um grande e admirável exemplo para o seu povo. Como a reconstrução dos muros requeria dedicação total, ele jamais deixou de labutar junto ao povo: “E nem eu, nem meus irmãos, nem meus moços, nem os homens da guarda que me seguiam largávamos as nossas vestes; cada um ia com suas armas à água” (Ne 4.23).
Segundo J. Packer, “a extensão dos muros era de quase dois quilômetros, e os novos deveriam ter cerca de um metro de largura, e cinco ou seis metros de altura”. Neemias, que jamais temera o trabalho, tinha uma incomum disposição para realizar a obra de Deus.
3. A divisão do trabalho. Neemias tinha um plano de trabalho muito bem elaborado. No capítulo terceiro de seu livro, há uma lista detalhada dos construtores. Em seu planejamento, Neemias dividiu as tarefas de tal modo que todos sabiam, com precisão, o que deveriam fazer. Assim, cada israelita deu o seu melhor para a reconstrução dos muros da cidade, pois sabia estar empenhado na obra de Deus.Não é fácil ser líder em tempo de crise, principalmente quando se tem de enfrentar adversários com o espírito de Sambalate, Tobias ou Gesém. No entanto, quando o homem de Deus está no centro de sua vontade, o Senhor permanece ao seu lado, assegurando-lhe plena vitória.
Uma Nobre Missão.Paulo considerava a posição de ‘ancião’ ou ‘presbítero’ como um papel muito importante, e qualquer que desejasse servir desta maneira deveria almejar um ministério valoroso, justo e responsável. No entanto, Paulo apresenta de maneira clara e inequívoca que todo aquele que servir nesta posição deve demonstrar em seu caráter qualidades que reflitam uma maturidade semelhante à de Cristo. Aparentemente, alguns desses homens que já eram ‘anciãos’ ou ‘presbíteros’ — talvez alguns dos que Paulo exortou em Mileto — estavam distorcendo a verdade ‘para atraírem os discípulos após si’ (At 20.30). Também havia, obviamente, outros homens em Éfeso que queriam ser líderes espirituais, mas que definitivamente não demonstravam uma ‘nobreza de caráter’, o que os desqualificava e não permita que estivessem envolvidos nesta ‘excelente obra’ (1 Tm 3.1). [...] Aqui vão duas importantes observações. Primeira — Paulo acreditava que qualquer cristão poderia assumir esta tarefa. Não havia nenhum chamado especial ou divino associado a esta função. Segunda — o principal critério para a seleção e aprovação era a maturidade em Jesus Cristo” (GETZ, G. A. Pastores e Líderes — O Plano de Deus para a Liderança da Igreja. A liderança da Igreja em uma perspectiva bíblica, histórica e cultural. 1.ed., RJ: CPAD, 2004, p.110).
Caráter e Ação.O caráter nunca é comprovado por uma declaração escrita ou oral de convicções. É demonstrado pelo modo como vivemos, pelo comportamento, pelas escolhas e decisões. Caráter é a virtude vivida.
O caráter ruim ou o comportamento pouco ético tem sido comparado ao odor do corpo: ficamos ofendidos quando o detectamos nos outros, mas raramente o detectamos em nós mesmos. Os líderes espirituais sempre devem ser sensíveis ao fato de que suas ações falam muito mais alto do que as palavras ditas do púlpito. Visto que as ações que praticamos raramente são percebidas como provas de caráter defeituoso, fazem-se essenciais à introspecção e à auto-avaliação, não porque desejamos agradar ou evitar ofender os outros, mas porque a reputação e o caráter do ministro devem estar acima da repreensão (1 Tm 3.2,7). Nossas palavras e pensamentos devem ser agradáveis perante a face de Deus (Sl 19.14), mas nossas ações revelam nosso caráter aos outros. As características do caráter exigido por Deus daqueles que querem habitar em sua presença são ações, e não um estado passivo do ser. ‘Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte? Aquele que anda em sinceridade, e pratica a justiça, e fala verazmente segundo o seu coração; aquele a cujos olhos o réprobo é desprezado; mas honra os que temem ao Senhor; aquele que, mesmo que jure com dano seu, não muda. Aquele que não empresta o seu dinheiro com usura, nem recebe subornos contra o inocente; quem faz isto nunca será abalado’ (Sl 15).
Reflexão Ética:
“Quando um irmão leva muito tempo para fazer algo, é lento. Quando eu levo muito tempo, sou cuidadoso.
Quando um irmão não faz o que deve ser feito, é preguiçoso. Quando eu não faço, estou muito ocupado.
Quando um irmão sustenta com firmeza seu ponto de vista, é estúpido. Quando eu sustento com vigor, estou sendo firme.
Quando um irmão ignora algumas normas de etiqueta, é mal-educado. Quando eu negligencio algumas normas, sou original e independente.
Quando um irmão realiza bem uma tarefa e agrada o chefe, está bajulando. Quando eu ajo assim, faço parte da equipe.
Quando um irmão tem sucesso, certamente foi um golpe de sorte. Quando eu consigo prosperar, foi porque trabalhei com afinco” (TRASK, T., et alii, eds. Manual Pastor Pentecostal. Teologia e Práticas Pastorais. 3.ed., RJ: CPAD, 2005, pp.114-15).
Aprendendo com as portas de Jerusalém
“Assim, edificamos o muro, e todo o muro se cerrou até sua metade; porque o coração do povo se inclinava a trabalhar”(Ne 4.6).
A crise, apesar de seu desconforto, sempre nos abre grandes e oportunas portas.
Neemias 3.1-3,6,13-15.
1 - E levantou-se Eliasibe, o sumo sacerdote, com os seus irmãos, os sacerdotes, edificaram a Porta do Gado, a qual consagraram, e levantaram as suas portas; e até a Torre de Meá consagraram e até a Torre de Hananel.
2 - E, junto a ele, edificaram os homens de Jericó; também, ao seu lado, edificou Zacur, filho de Inri.
3 - E a Porta do Peixe edificaram os filhos de Hassenaá, a qual emadeiraram, e levantaram as suas portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos.
6 - E a Porta Velha repararam-na Joiada, filho de Paseia; e Mesulão, filho de Besodias; e estes a emadeiraram e levantaram as suas portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos.
13 - A Porta do Vale, reparou-a Hanum e os moradores de Zanoa; estes a edificaram e lhe levantaram as portas com fechaduras e os seus ferrolhos, como também mil côvados do muro, até à Porta do Monturo.
14 - E a Porta do Monturo, reparou-a Malquias, filho de Recabe, maioral do distrito de Bete-Haquerém; este a edificou e lhe levantou as portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos.
15 - E a Porta da Fonte reparou-a Salum, filho de Col-Hozé, maioral do distrito de Mispa; este a edificou, e a cobriu, e lhe levantou as portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos, como também o muro do viveiro de Selá, ao pé do jardim do rei, mesmo até aos degraus que descem da Cidade de Davi.
O texto de Neemias capítulo três narra o processo de edificação dos muros de Jerusalém. A palavra “reparou” é predominante em todo o capítulo. Para os judeus que voltaram do exílio, o processo de reconstrução das portas e dos muros de Jerusalém contrastava-se com a realidade caótica do presente (Sl 126), mas oferecia, ao mesmo tempo, a lembrança do pujante passado da cidade. Passado este que, infelizmente, fora coberto pelos escombros. Contudo, os judeus estavam dispostos a remover as ruínas e, a partir delas, reconstruir uma nova vida e uma nova história. E é nesta perspectiva que estudaremos hoje as portas de Jerusalém.
PORTA DO GADO E A PORTA DO PEIXE
1. A Porta do Gado ou das Ovelhas (v.1). De acordo com os estudiosos, essa porta situava-se na entrada mais oriental do lado norte das muralhas de Jerusalém (Ne 12.39; Jo 5.2). Em algumas versões, é chamada de a Porta das Ovelhas. Junto a essa porta, no tempo de Jesus, havia o tanque de Betesda, onde o Salvador curou o paralítico, enfermo havia trinta e oito anos (Jo 5.2-9). Essa porta foi edificada pelos sacerdotes (Ne 3.1).
A Porta das Ovelhas é uma figura de Cristo — a Porta da Salvação e o Bom Pastor (Jo 10.7-9). Não há salvação senão em Jesus e por Jesus (At 4.12). Cristo libertou-nos do pecado e da condenação eterna. O Sumo Pastor morreu por nossas iniquidades, libertando-nos do castigo do pecado, que é a morte. Como Igreja do Senhor, devemos proclamar ao mundo, que Jesus é o único caminho que nos leva a Deus. A porta da salvação está aberta. Aproveite a oportunidade. Entre. Jesus está à sua espera.
2. A Porta do Peixe (Ne 3.3; 12.39). Não se sabe ao certo o porquê desse nome. Todavia, segundo o Dicionário Bíblico Wycliffe, o nome provavelmente veio do fato de os peixes da Galileia serem comercializados naquelas imediações.
Essa porta faz-nos lembrar que Jesus chamou-nos para sermos “pescadores de homens” (Mt 4.19; 13.47,48). Todo crente tem o dever de ganhar almas para o Reino de Deus, seja ele pastor, missionário, diácono, professor da Escola Dominical. Não podemos negligenciar a evangelização. A Igreja recebeu de Cristo a incumbência de proclamar o Evangelho a toda criatura (Mc 16.15). Você tem cumprido a sua missão?
1. A Porta Velha (Ne 3.6; 12.39). Localizada na parte mais antiga da cidade, a Porta Velha pode ser tomada como imagem da legítima doutrina cristã. Esta, apesar de sua antiguidade, jamais será derribada quer pelo liberalismo teológico, quer pelo pós-modernismo. Ela assemelha-se aos portões dos castelos milenares: resiste ao tempo e jamais será tida como ultrapassada, pois imprescindível à nossa segurança. A Bíblia Sagrada, de onde extraímos a nossa doutrina, começou a ser escrita há quatro mil anos aproximadamente, e nem por isso é tida como fora de moda: a Palavra de Deus é para sempre (1 Pe 1.24,25).
Muitos são os que procuram as portas do humanismo, do relativismo e dos modismos com suas extravagâncias litúrgicas. E o que diremos dos pregadores que se comportam como gurus da autoajuda? Zelemos pela sã doutrina, para que os mercenários não se apossem do rebanho de Cristo (Tt 2.1).
2. A Porta do Vale (Ne 3.13). Dando acesso ao vale localizado na parte oeste de Jerusalém, essa porta lembra-nos humilhação, quebrantamento e contrição na presença de Deus. O Senhor agrada-se de um espírito quebrantado e de um coração abatido (Sl 51.17b). Neemias era exatamente assim. Ele tinha consciência dos seus pecados e dos erros do seu povo. Em sua oração, confessa: “Pecamos contra ti; também eu e a casa de meu pai pecamos” (Ne 1.6). Se você deseja ter êxito como líder, humilhe-se e constranja-se diante do Senhor.
A PORTA DO MONTURO, DA FONTE E DA GUARDA
1. A Porta do Monturo (Ne 2.13; 3.14). Segundo o Dicionário Bíblico Wycliffe, “essa porta recebeu este nome porque o lixo da cidade era levado através dela para ser queimado no vale de Hinom”. Que lição nos traz a Porta do Monturo? A igreja e a família devem ter cuidado para não se contaminar com o lixo deste mundo: heresias, apostasias, imoralidades e mentiras.
Se não tomarmos cuidado, todo esse lixo invadirá nossos lares por intermédio da mídia. Infelizmente, muitos são os que passam horas seguidas diante da tevê e da internet, permitindo que a abominação lhes entre pela casa. A Palavra de Deus adverte-nos: “Não meterás, pois, abominação em tua casa, para que não sejas anátema” (Dt 7.26). Os programas de TV, com raras exceções, estimulam a prostituição, o adultério, a fornicação e o homossexualismo. Tomemos cuidado, pois, com o que vemos, ouvimos e lemos, pois as Sagradas Escrituras alertam-nos a não colocarmos coisas más diante dos nossos olhos (Sl 101.3). Querido irmão, não se contamine com o lixo desse mundo!
2. A Porta da Fonte (Ne 3.15). Essa porta ficava próxima ao Tanque de Siloé, ou Tanque do Rei. A Porta da Fonte não é uma figura bastante forte da Palavra de Deus? Ela nos mata a sede espiritual, limpa-nos de todo o pecado e vivifica-nos a alma (Sl 119.50). Muitos já não recorrem mais a essa fonte e o resultado é a sequidão espiritual. Preferem as cisternas rotas deste mundo (Jr 2.13). Tem você bebido regularmente da fonte da água da vida? Jesus é a porta da vida eterna.
3. Porta de Micfade ou Porta da Guarda (Ne 3.31). Localizada na seção nordeste de Jerusalém, a Porta da Guarda, ao que tudo indica, ficava adjacente ao Templo. Ela faz-nos lembrar a guarda dos preceitos divinos: “Inclinei o meu coração a guardar os teus estatutos, para sempre, até ao fim” (Sl 119.112).
Se quisermos as bênçãos do Senhor, obedeçamos aos seus preceitos. Se os deixarmos, arcaremos com pesadas consequências: miséria e destruição. Assim se deu com Judá, cujos habitantes, por ignorarem a Lei de Deus, além de contemplarem a destruição de Jerusalém, amargaram um cativeiro de setenta anos em Babilônia. O líder autêntico incentiva o povo a obedecer e a amar a Palavra de Deus.
A reconstrução dos muros de Jerusalém.Os muros de Jerusalém, em montões de escombros, representam o estado desesperador do mundo que está à nossa volta; os que atrapalham a edificação, e suas maldades, nos dão uma fraca ideia dos inimigos com os quais temos que contender enquanto executamos a obra de Deus. Cada um deve começar por sua própria casa, por ajudar o progresso da obra de Deus em nossa alma é o melhor que podemos fazer em favor do bem da Noiva de Cristo. Que o Senhor assim estimule o coração do povo, para que deixe de lado as suas pequenas disputas e despreze os seus interesses mundanos, para dedicar-se à construção dos muros de Jerusalém e à defesa da causa da verdade e santidade, contra os assaltos dos inimigos declarados” (HENRY, M. Comentário Bíblico. 1.ed., RJ: CPAD, 2002, p.352).
“A tarefa [de Neemias], como vimos, era reconstruir os muros de Jerusalém, para que a vida na cidade pudesse ser restabelecida. Até que os muros estivessem de pé, nada poderia ser feito. Com eles no chão, Jerusalém não tinha defesa contra atacantes e invasores, e não era local para fazer um lar. Por isso, muitos dos cidadãos haviam se mudado de lá (7.4), a adoração no Templo não pudera ser mantida, e a moral afundara ao nível mais baixo.
Observe que, generalizando, Jerusalém era um retrato das igrejas cristãs no mundo ocidental. A fraqueza, a desilusão e a languidez dos adeptos é a história em toda parte. Na Ásia, África e América Latina, o evangelho avança e as igrejas crescem, mas no mundo protestante da Grã-Bretanha, Europa, América do Norte e Austrália, a secularização da vida da comunidade e a hesitação dos teólogos, líderes e clérigos tem deixado a maioria das congregações em estado lastimável. O abandono da crença histórica num Criador santo, que, graciosamente, salva pecadores através da expiação e do novo nascimento, é ainda comum como o foi no século passado; já não é uma comunidade forte; a fé da qual Deus a fez curadora é desconhecida ao homem na rua, e quando conhecida, é largamente negligenciada; e a piedade, antes divulgada pela igreja como verdadeira humanidade, é agora considerada na cultura popular como uma esquisitice cômica e ultrapassada. A Igreja aparece como uma cidade arruinada; como Sarayevo ou Beirute depois do combate; como a Jerusalém encontrada por Neemias. E uma tremenda empreitada de reconstrução aguarda por alguém que ainda se importe com o seu bem-estar. Neste empreendimento, a reconstrução da fé bíblica será a tarefa básica e primordial” (PACKER, J. I. Neemias — Paixão pela fidelidade. Sabedoria extraída do livro de Neemias. 1.ed. RJ: CPAD, 2011, pp.78,79).
Como enfrentar a oposição à obra de Deus
Neemias 4.1-9.
1 - E sucedeu que, ouvindo Sambalate que edificávamos o muro, ardeu em ira, e se indignou muito, e escarneceu dos judeus.
2 - E falou na presença de seus irmãos e do exército de Samaria e disse: Que fazem estes fracos judeus? Permitir-se-lhes-á isso? Sacrificarão? Acabá-lo-ão num só dia? Vivificarão dos montões do pó as pedras que foram queimadas?
3 - E estava com ele Tobias, o amonita, e disse: Ainda que edifiquem, vindo uma raposa, derrubará facilmente o seu muro de pedra.
4 - Ouve, ó nosso Deus, que somos tão desprezados, e caia o seu opróbrio sobre a sua cabeça, e faze com que sejam um despojo, numa terra de cativeiro.
5 - E não cubras a sua iniquidade, e não se risque diante de ti o seu pecado, pois que te irritaram defronte dos edificadores.
6 - Assim, edificamos o muro, e todo o muro se cerrou até sua metade; porque o coração do povo se inclinava a trabalhar.
7 - E sucedeu que, ouvindo Sambalate, e Tobias, e os arábios, e os amonitas, e os asdoditas que tanto ia crescendo a reparação dos muros de Jerusalém, que já as roturas se começavam a tapar, iraram-se sobremodo.
8 - E ligaram-se entre si todos, para virem atacar Jerusalém e para os desviarem do seu intento.
9 - Porém nós oramos ao nosso Deus e pusemos uma guarda contra eles, de dia e de noite, por causa deles.
O capítulo 4 mostra-nos como Sambalate e Tobias zombaram, escarneceram e atacaram, até moralmente, Neemias e o povo judeu. Eles agiram assim porque queriam impedir que os israelitas iniciassem a reconstrução dos muros de Jerusalém. Não obstante a oposição dos inimigos da obra, Neemias clamou e humilhou-se perante o Senhor rogando-lhe a providência divina. Ato contínuo, o povo inclinou o “coração” para reconstruir o muro da Cidade de Davi e Deus os abençoou. Com Neemias aprendemos que face a qualquer oposição e dificuldade, o nosso caminho deve ser o da oração e da humildade na presença de Deus, o nosso Justo Juiz.
Embora nos esforcemos e nos empenhemos pela expansão do Reino de Deus, sempre haverá os que, inspirados por Tobias e Sambalate, farão oposição à obra do Senhor. Todavia, não devemos nos amedrontar. Quem se levanta contra a obra de Deus, contra o próprio Deus se levanta.O mesmo Senhor que esteve com Neemias, também estará conosco. Aos seus servos dará Ele sabedoria, graça e unção, a fim de que conduzam a Igreja de Cristo na sã doutrina e de acordo com a vontade divina.
OPOSIÇÃO FERRENHA
1. A ira dos adversários. “E sucedeu que, ouvindo Sambalate que edificávamos o muro, ardeu em ira, e se indignou muito” (Ne 4.1). Sambalate, que tinha um cargo importante em Samaria, era o cabeça da oposição a Neemias. Ele usou várias táticas intimidatórias para dissuadir Neemias a levar avante a reconstrução dos muros de Jerusalém. Que estratégia o Diabo está utilizando para fazê-lo abandonar a obra do Senhor? Não se esqueça: o adversário lança-nos contínuos dardos inflamados (Ef 6.16). Por isso, revistamo-nos da armadura de Deus (Ef 6.11).
2. A falsa acusação. A reconstrução não tinha sequer começado, e os adversários já estavam se opondo. “O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, e Gesém, o arábio, zombaram de nós, e desprezaram-nos, e disseram: Que é isso que fazeis? Quereis rebelar-vos contra o rei?” (Ne 2.19). Se a acusação fosse verdadeira, Neemias e seus auxiliares seriam enforcados publicamente pelo governo persa. Todavia, era mais uma das mentiras do bando de Sambalate. Sendo Satanás o pai da mentira (Jo 8.44), deleita-se em lançar falsas acusações contra os servos de Deus.
3. A resposta à insinuação caluniosa. Neemias não se intimidou diante da oposição. Ele tinha cartas e alvarás reais que lhe autorizavam reconstruir os muros da Cidade Santa. A resposta de Neemias contra aquela insinuação foi enérgica: “O Deus dos céus é o que nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos” (Ne 2.20). Neemias sabia que ninguém pode impedir a obra do Senhor (Is 43.13).
A CRÍTICA DOS ADVERSÁRIOS
1. O conteúdo das críticas (Ne 4.1-3). Sambalate ficou furioso com o sucesso dos edificadores. Por isso, jocosamente, perguntou: “Que fazem estes fracos judeus? Permitir-se-Ihes-á isso? Sacrificarão? Acabá-lo-ão num só dia? Vivificarão dos montões do pó as pedras que foram queimadas?” (Ne 4.2). Sambalate e Tobias apelaram para a crítica, visando desqualificar o trabalho dos judeus. Neemias, porém, não se deixou abater. Ele sabia que Deus está no controle de todas as coisas.
2. Oposição ao culto a Deus. “Permitir-se-lhes-á isso? Sacrificarão?” (Ne 4.2). Os inimigos sabiam que Deus garante a vitória ao povo que o adora. Não é por acaso que o Diabo continua a utilizar essa velha tática contra o verdadeiro culto a Deus. Além disso, tudo faz para levar a sã doutrina ao desprezo. Em seu lugar, apresenta como alternativas mensagens vazias de unção, mas recheadas de técnicas psicológicas. Haja vista a teologia da prosperidade e a confissão positiva.
3. Crítica à união. Percebendo Sambalate que os edificadores estavam unidos, indagou: “Acabá-lo-ão num só dia? Vivificarão dos montões do pó as pedras que foram queimadas?” (Ne 4.2). Não se esqueça. A união é indispensável para o sucesso de qualquer ministério. Sem união, o povo perde as forças, distancia-se de Deus e deixa-se derrotar pelo Inimigo.
A GUERRA CONTRA OS EDIFICADORES
1. Os inimigos se uniram (Ne 4.7,8). Os inimigos usaram diferentes táticas para impedir a obra de reconstrução levada a efeito por Neemias. Todas elas, porém, falharam. Furiosos, eles fizeram uma coalizão contra os judeus. A situação, hoje, não é diferente.
Não obstante a liberdade religiosa de que desfrutamos, os legisladores, contrários aos valores absolutos e inegociáveis do Cristianismo, não cessam de apresentar projetos de lei, visando barrar a atuação da Igreja como representante do Reino de Deus. Haja vista os que tentam, legislando sobre a homofobia, calar os que declaram, baseados na Bíblia Sagrada, ser o homossexualismo um pecado contra Deus (Lv 18.22; 1 Co 6.9). E o que dizer dos que se dizem defensores dos direitos humanos, mas levantam a bandeira da legalização do aborto? A Lei de Deus é clara: “Não matarás” (Êx 20.13).
2. Oração e vigilância. “Porém nós oramos ao nosso Deus e pusemos uma guarda contra eles, de dia e de noite, por causa deles” (Ne 4.9). Diante da ação insistente dos inimigos, Neemias tomou uma atitude firme e decidida. Convocou o povo para orar e vigiar dia e noite, enquanto a obra progredia: “Pelo que pus guardas nos lugares baixos por detrás do muro e nos altos; e pus o povo, pelas suas famílias, com as suas espadas, com as suas lanças e com os seus arcos” (Ne 4.13).
Não podemos deixar brecha alguma ao adversário. Quer na igreja, quer em casa, vigiemos e oremos. Que os pais eduquem os filhos no temor e na admoestação do Senhor e que os filhos honrem e obedeçam aos pais conforme ordena a Palavra de Deus. Cuidemos para que conteúdos abomináveis da TV, internet e outras mídias, não venham destruir nossos lares. É hora de se reerguer os muros que o adversário deitou por terra.
À semelhança de Neemias, enfrentamos, hoje, grande oposição. Essa luta, porém, não é contra a carne e o sangue. Por isso, oremos e vigiemos. Trabalhemos, pois, na seara do Mestre com sabedoria e prudência. E jamais permitamos que o Inimigo impeça o avanço do Reino de Deus até aos confins da terra.
“Por que não retaliar? Mateus 5.38-48. Jesus levantou essa questão, mais uma vez, à luz do espírito legalista dos fariseus aliado ao exacerbado sentimento de vingança entre o povo judaico, que extrapolava os tribunais para fazer justiça com as próprias mãos. O princípio, aqui, é o mesmo que pontua todo o discurso: ter controle sobre as nossas atitudes, a partir do coração, para que elas não nos levem a um ponto sem retorno. Por outro lado, é preciso levar em conta que, no Sermão do Monte, o Mestre dirigiu-se exclusivamente a um público específico — os súditos do Reino — para mostrar-lhe que a retaliação pessoal não é própria dos que o seguem. Retaliação é o mesmo que represália, desagravo, desforra, revide. Em outras palavras, é a disposição, como se diz na linguagem popular, de não levar desaforos para casa, mas resolver a pendência com a arma da vindita. Aqui, entra, todavia um dado extremamente relevante: não se deve retaliar” (COUTO, G. A Transparência da Vida Cristã. Comentário Devocional do Sermão do Monte. 1.ed., RJ: CPAD, 2001, p.139).
“O motivo para esses antagonistas [Sambalate e Tobias] resistirem à obra de restauração da cidade não se concentrava necessariamente no culto a Yahweh. Setenta e cinco anos antes do episódio, é verdade que as razões estavam diretamente relacionadas com o culto (Ed 5.3). Porém agora a resistência era contra o restabelecimento de mais um estado rival e poderoso dentre os demais daquela região. Certamente eles se uniram a Megabyzus em sua revolta contra a administração persa, e passaram a ver o governador Neemias como um líder a favor da dominação persa naquelas províncias, tornando-se uma espécie de vigia para o rei Artaxerxes. O próprio fato de eles se sentirem no direito de interferir nas reformas comandadas por Neemias é uma prova de que já havia uma certa independência desses povos para com o governo persa, especialmente depois de tomarem ciência do conteúdo da carta de autorização dada por Artaxerxes.
Neemias não perdeu tempo: em três dias ele empreendeu uma grande pesquisa do perímetro exato da cidade para, com os números exatos à mão, poder determinar os passos necessários para a reconstrução dos muros. Imediatamente os líderes se aproximaram e se dispuseram a ajudar na tarefa, de maneira que a obra não tardou a começar. Depois de uma tentativa fracassada, Sambalate, Gesém e Tobias, que tentaram desestimular o povo escarnecendo da obra, partiram para uma tática diferente: argumentaram sobre a deslealdade dos judeus para com o trono da Pérsia, mas isto foi em vão, pois a obra tinha sido autorizada pelo próprio rei. À medida que a construção chegava ao fim, os inimigos de Israel desesperavam, percebendo que a cidade ficaria novamente invulnerável à ação de exércitos estrangeiros. Para eles, tudo isso tinha dois significados básicos: os judeus automaticamente proclamariam sua independência dos persas, e depois buscariam o controle de toda a região, criando um reino redivivo de Davi, o que não estava distante das perspectivas dos profetas. Neemias teve de defender a obra contra todos esses ataques” (MERRIL, E. H. História de Israel no Antigo Testamento. O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 7.ed., RJ: CPAD, 2008, p.543).
A conspiração dos inimigos contra Neemias
Neemias 6.1-9.
1 - Sucedeu mais que, ouvindo Sambalate, Tobias, Gesém, o arábio, e o resto dos nossos inimigos que eu tinha edificado o muro e que nele já não havia brecha alguma, ainda que até este tempo não tinha posto as portas nos portais,
2 - Sambalate e Gesém enviaram a dizer: Vem, e congreguemo-nos juntamente nas aldeias, no vale de Ono. Porém intentavam fazer-me mal.
3 - E enviei-lhes mensageiros a dizer: Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?
4 - E da mesma maneira enviaram a mim quatro vezes; e da mesma maneira lhes respondi.
5 - Então, Sambalate, da mesma maneira, pela quinta vez, me enviou o seu moço com uma carta aberta na sua mão,
6 - e na qual estava escrito: Entre as gentes se ouviu e Gesém diz que tu e os judeus intentais revoltar-vos, pelo que edificais o muro; e que tu te farás rei deles segundo estas palavras;
7 - e que puseste profetas para pregarem de ti em Jerusalém, dizendo: Este é rei em Judá. Ora, o rei o ouvirá, segundo estas palavras; vem, pois, agora, e consultemos juntamente.
8 - Porém eu enviei a dizer-lhe: De tudo o que dizes coisa nenhuma sucedeu; mas tu, do teu coração, o inventas.
9 - Porque todos eles nos procuravam atemorizar, dizendo: As suas mãos largarão a obra, e não se efetuará. Agora, pois, ó Deus, esforça as minhas mãos.
Neemias, além de trabalhar arduamente na reconstrução dos muros e portas, teve de enfrentar inimigos externos e internos. Homens que se infiltraram no meio dos trabalhadores, cujo único objetivo era impedir a reforma da cidade. Porém, Neemias não se deixou intimidar pelos adversários. Sempre que desejamos empreender algo em favor do povo de Deus, os adversários se levantam, mas quando confiamos inteiramente no Todo-Poderoso, recebemos forças e coragem para lutar. Talvez, você esteja enfrentando algumas lutas, porém, não desanime. Não olhe para os inimigos e não dê ouvidos às críticas, antes, continue a olhar firmemente para Jesus e seja um vencedor.
Todo trabalho no Reino de Deus requer sacrifício, discernimento espiritual e muita perseverança. Haja vista a tarefa empreendida por Neemias em Jerusalém. Apesar da sanha dos adversários, os judeus levaram a obra do Senhor adiante. Em todo o tempo, vigiavam e oravam. Eles não se distraíam com a oposição, porque o trabalho que tinham de realizar era grande e árduo.
Sabendo que o Inimigo tudo fará para impedir o avanço da Obra de Deus, precisamos agir também com muito cuidado e prudência. Sem a santíssima fé, jamais completaremos a missão que nos entregou o Senhor, pois as ciladas do Diabo são astutas e cruéis.
A FALSIDADE DOS ADVERSÁRIOS
1. Os muros foram levantados. Disse Neemias: “Eu tinha edificado o muro e nele já não havia brecha alguma, ainda que até este tempo não tinha posto as portas nos portais” (Ne 6.1). Quando os inimigos viram que os muros já estavam erguidos, reuniram-se para redobrar suas investidas contra o povo de Deus. Agora, porém, mudando de tática, marcaram um encontro com Neemias: “Vem, e congreguemo-nos juntamente nas aldeias, no vale de Ono”. Neemias, porém, percebeu-lhes o intento, porque agia avisada e prudentemente: “Porém intentavam fazer-me mal” (Ne 6.2).
2. A resposta sábia e firme de Neemias. Com sabedoria e firmeza, Neemias respondeu a Sambalate: “Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco? E da mesma maneira enviaram a mim quatro vezes; e da mesma maneira lhes respondi” (Ne 6.3,4). Três lições importantes podemos extrair da resposta de Neemias:
a) Ele não perdeu o foco da sua missão. “Estou fazendo uma grande obra”. Não devemos nos deixar levar pelas sugestões que nos chegam. Examinando-as cuidadosamente, procuremos saber se elas realmente procedem de Deus. Portanto, conservemos o foco de nossa missão: a expansão do Reino de Deus e a glorificação do nome de Cristo.
b) “ de modo que não poderei descer” (Ne 6.3). Ir ao vale de Ono significava descer, pois Jerusalém estava edificada sobre um monte. O que isto nos ensina? Fazer acordo com os inimigos da obra de Deus é descer em todos os sentidos. Portanto, que a nossa resposta seja tão firme e pronta como a de Neemias: “Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?” (Ne 6.3).
c) Não há tempo a perder. “Por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?” Neemias não perdeu tempo com os inimigos. Infelizmente, há igrejas que, por se aliarem ao adversário, desceram de sua posição espiritual e hoje já comungam com o Diabo. Algumas, torcendo a Palavra de Deus, demonstram aberto apoio ao casamento homossexual — uma abominação diante de Deus (Lv 18.22; 20.13). Não satisfeitas, acham-se ainda a ordenar sodomitas ao santo ministério. E o que dizer dos líderes que defendem o aborto? Em muitos redis, pecados como o adultério, roubo e subornos são vergonhosamente tolerados. Portanto, muito cuidado. Não desçamos ao vale de Ono!
SUBORNO E FALSA PROFECIA
1. Profeta a serviço do inimigo. Subornado pelo adversário, Semaías tudo fez para desviar a atenção de Neemias, para que este não completasse a obra: “Vamos juntamente à Casa de Deus, ao meio do templo” (Ne 6.10). Por que levar Neemias à Casa de Deus naquela hora do dia se este não era sacerdote nem levita? Na verdade, Semaías buscava uma ocasião para que Neemias caísse numa cilada e fosse morto. Os piores inimigos da fé não são os de fora; são os que estão no meio do povo de Deus. Aliados aos adversários, eles são o joio no meio do trigo (Mt 13.30). Eles têm o mesmo espírito que levou Judas a entregar Jesus à morte.
2. Nobres ao lado dos adversários. No meio do povo, havia gente de muita influência que, ao invés de ajudar a Neemias, dava apoio aos inimigos dos judeus (Ne 6.17). Eles chegavam, inclusive, a se corresponder com Tobias, informando-o detalhadamente sobre o andamento do trabalho. Neemias, porém, agindo sempre com muita prudência, não se perturbava, pois conhecia os ardis do inimigo da Obra de Deus— o Diabo.
3. Os falsos profetas de hoje. Há certos profetas e profetisas que, imitando a Semaías, e mentindo em nome de Deus, querem amedrontar seus pastores com ameaças infundadas, visando interesses puramente materiais. Neemias soube como lidar com essa gente, pois conhecia a voz de Deus. Ele a tudo discernia espiritualmente. Cuidado, não tome o nome do Senhor em vão. É pecado gravíssimo manipular pessoas, ou chantageá-las, simulando o uso de dons espirituais. Sim, cuidado, Deus não se deixa escarnecer.
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A CONCLUSÃO DA OBRA
1. Termina a construção do muro. “Acabou-se, pois, o muro aos vinte e cinco de elul, em cinquenta e dois dias” (Ne 6.15). Os israelitas, sempre ajudados por Deus, concluíram a reconstrução das muralhas de Jerusalém. Ressalta-se que, nesse árduo e urgente trabalho, eles observaram o sábado como dia de repouso, porquanto fizeram questão de observar rigorosamente a Lei do Senhor. Sem a ajuda divina, jamais teriam conseguido realizar tal proeza. Portanto, que possamos declarar como o salmista: “Eis que Deus é o meu ajudador” (Sl 54.4).
2. Os inimigos temeram. Os inimigos ficaram surpresos e encheram-se de medo ao ver os muros da Cidade Santa restaurados, conforme relata Neemias: “Temeram todos os gentios que havia em roda”. Sim, Eles foram obrigados a reconhecer a mão de Deus em toda aquela obra (Ne 6.16). Não havia nenhuma dúvida: o Senhor amava o seu povo e por este pelejava, apesar da ingratidão dos israelitas.
3. Não desista. Apesar da zombaria dos adversários, Neemias era um líder vitorioso. Com sabedoria e discernimento espiritual, venceu todas as intrigas e conspirações que contra ele se levantaram. Ele resistiu a todas as investidas, porque sabia que Deus estava ao seu lado. Por isso, não desista. Continue a fazer a obra que lhe confiou o Senhor. Agrade-o em todas as coisas. Aja sempre de acordo com a vontade de Deus.
Os inimigos dos judeus diziam que eles não conseguiriam reconstruir os muros e restaurar Jerusalém. O desafio era grande! Todavia, Deus batalhava por seu povo. Os adversários foram derrotados e as muralhas, reerguidas. Quando confiamos em Deus, todos os nossos empreendimentos são bem-sucedidos. Tem você confiado inteiramente em Deus? Este é o segredo da vitória: obedecer a Deus e nEle confiar inteiramente.
Sambalate e Gesém fizeram um convite cortês, e até melífluo, a Neemias, para que comparecesse a uma conferência do alto escalão, em território neutro. ‘Vem, e congreguemo-nos juntamente nas aldeias, no vale de Ono’ (6.2), isto é, na metade do caminho entre Jerusalém e Samaria. Como destaca o Dr. Boice, o gesto parece um discurso de concessão feito por perdedores numa campanha política: ‘Neemias, não adianta fingirmos que não nos opúnhamos ao seu projeto. Opusemo-nos... Mas você foi bem-sucedido, apesar de nós, e agora é inútil sustentarmos nossa oposição. Para o que der e vier, teremos de conviver, você como governador de Jerusalém, e nós como governador de nossas províncias. Então, sejamos amigos. O que precisamos é de uma reunião de cúpula’. O aparente reconhecimento do sucesso de Neemias foi lisonjeiro; o convite a arranjar um meio de conviver soa cativante e vantajoso. Lisonja e vantagem imaginária tem sido sempre uma potente combinação para virar a cabeça das pessoas. Em negócios e em política, pessoas imprudentes têm tido os seus julgamentos alterados por essa artimanha o tempo todo. A cabeça de Neemias, porém, não foi virada, como o demonstra a sua réplica ao convite” (PACKER, J. I. Neemias — Paixão pela fidelidade.Sabedoria extraída do livro de Neemias. 1.ed., RJ: CPAD, 2010, p.144).
“Sambalate — Um homem que tinha uma grande importância política em Samaria na época da bem-sucedida tentativa de Neemias de reconstruir os muros de Jerusalém (Ne 2.10,19). A Bíblia Sagrada refere-se a ele como um homem horonita, o que, provavelmente, signifique simplesmente que ele residiu em Bete-Horom, em Samaria, e não na cidade de mesmo nome em Moabe. Ele e Tobias tentaram convencer o rei persa de que o povo de Jerusalém estava planejando uma revolta contra ele (Ne 2.19); mas, quando o plano não deu certo, eles tentaram zombar dos esforços de Neemias, dizendo até que uma raposa poderia colocar aqueles muros abaixo (Ne 4.3). A filha de Sambalate casou-se com o neto de um sumo sacerdote (Ne 13.28).
Tobias — Governador judeu-amonita que uniu suas forças com Sambalate na tentativa de evitar que Neemias e os israelitas reconstruíssem o muro (Ne 2.10). Quando Neemias se ausentou de Jerusalém, Tobias foi agraciado com um quarto na área do Templo, usado anteriormente como depósito, pois tinha um parente entre os sacerdotes (6.17). Evidentemente, gozava de boas relações de amizade com os sacerdotes e os nobres de Jerusalém. Ao retornar, Neemias lançou fora os pertences de Tobias, mandou limpar e purificar o quarto e novamente voltou à usá-lo como depósito de vasos, incenso e das ofertas de manjares (13.6-9)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed., RJ: CPAD, 2009, pp.1751,1950).
Neemias lidera um genuíno avivamento
Neemias 8.1-3,5,6,9,10.
1 - E chegado o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça, diante da Porta das Águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da Lei de Moisés, que o Senhor tinha ordenado a Israel.
2 - E Esdras, o sacerdote, trouxe a Lei perante a congregação, assim de homens como de mulheres e de todos os sábios para ouvirem, no primeiro dia do sétimo mês.
3 - E leu nela, diante da praça, que está diante da Porta das Águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens, e mulheres, e sábios; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da Lei.
5 - E Esdras abriu o livro perante os olhos de todo o povo; porque estava acima de todo o povo; e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé.
6 - E Esdras louvou o Senhor, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém! Amém! —, levantando as mãos; e inclinaram-se e adoraram o Senhor, com o rosto em terra.
9 - E Neemias (que era o tirsata), e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor, vosso Deus, pelo que não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da Lei.
10 - Disse-lhes mais: Ide, e comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque esse dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força.
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Os avivamentos na história do povo de Israel e da Igreja só tiveram resultados duradouros quando começaram e prosseguiram sob o ensino da Palavra de Deus. Avivamento sem a exposição da Bíblia Sagrada não passa de um mero movimento religioso, pois não resulta em mudanças significativas e transformadoras de vidas.
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O POVO SE AJUNTOU NA PRAÇA PARA OUVIR A LEITURA DA LEI
1. Reunidos para ouvir a Lei. Neemias relata que o povo, egresso do exílio babilônico, tinha fome e sede por ouvir a Palavra de Deus: “Todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça, diante da Porta das Águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da Lei de Moisés, que o Senhor tinha ordenado a Israel” (Ne 8.1). E assim tem início, bem “diante da Porta das Águas”, um poderoso avivamento na história de Jerusalém. Impulsionado pelo Espírito Santo, Esdras, o escriba, abriu a Lei do Senhor e pôs-se a lê-la pausadamente, para que todo o povo a entendesse. A leitura da Palavra de Deus foi efetuada das seis da manhã ao meio-dia.
2. O povo estava atento à leitura da Lei. “E leu nela, diante da praça, que está diante da Porta das Águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens, e mulheres, e entendidos; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da Lei” (Ne 8.3). Esdras estava de pé, sobre um púlpito de madeira, para melhor se fazer ouvir pelo povo. Ao seu lado, à direita, estavam os líderes e mestres que compunham, “o ministério local” (Ne 8.4). É importante ressaltar que a leitura do livro e sua explicação duraram sete dias, durante seis horas diárias (Ne 8.3,18). Apesar de toda essa carga-horária, o povo ouvia atentamente a exposição da Palavra de Deus.
3. O culto de doutrina. Hoje, em algumas igrejas, as reuniões de ensino são precariamente assistidas. Sim, os cultos de doutrinas são desprezados enquanto festas e shows tidos como evangélicos são bem frequentados. Isso demonstra a falta de apetite pela Palavra de Deus; é um sintoma de doença espiritual de extrema gravidade. Quem ama a Deus também ama a sua Palavra e nela medita dia e noite (Sl 1.2; 119.97).
O ENSINO BÍBLICO
1. Homens preparados para o ensino (Ne 8.7). Instrutores foram designados para ministrar o ensino da Palavra de Deus em todas as cidades de Judá. Até os levitas que serviam no Templo foram envolvidos nessa tarefa. Não podemos nos enganar. A exposição das Sagradas Escrituras é a base do avivamento (2 Cr 34.15; 35.1-19).
2. O líder deve ser apto para o ensino. Além do pastor, há pessoas, na igreja local, que foram dotadas por Deus com habilidades para o ensino, conforme escreve Paulo: “Se é ensinar, haja dedicação ao ensino” (Rm 12.7b). O mesmo acontecia no Antigo Testamento. Os israelitas no tempo de Esdras, confrontados pela Palavra de Deus, arrependeram-se de seus pecados e foram procurar o favor divino. Aliás, um dos primeiros requisitos para se exercer o santo ministério é justamente a aptidão para o ensino (1 Tm 3.2).
3. A Bíblia é a Palavra de Deus. Inspirados por teologias liberais, há crentes que não mais veem a Bíblia como a inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus — nossa única regra de fé e prática. Alguns chegam a ensinar que a Bíblia limita-se a conter a Palavra de Deus. Cuidado! Esse ensino é diabólico. A Bíblia é, de fato, a Palavra de Deus. Leia com atenção 2 Timóteo 3.16. É indispensável, por conseguinte, que o crente estude e obedeça fielmente as Sagradas Escrituras, pois sem estas não pode haver avivamento.
O ENTENDIMENTO DA PALAVRA GEROU O AVIVAMENTO.
1. O ensino significativo. “E leram o livro, na Lei de Deus, e declarando e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse” (Ne 8.8). Esdras não se limitou a ler as Sagradas Escrituras, mas “declarando e explicando” cada texto exposto, fez com que todos compreendessem o real significado da Palavra de Deus. Entendendo-a, o povo chorou. Era um choro de sincero arrependimento. Esdras e Neemias, porém, disseram à nação: “Este dia é consagrado ao Senhor, vosso Deus, pelo que não vos lamenteis, nem choreis” (8.9). Era a hora de celebração! O avivamento havia começado. Lembre-se: realce o ensino significativo da Palavra de Deus. Siga o exemplo de Esdras.
2. “Comei as gorduras, e bebei as doçuras” (Ne 8.10). Esdras e Neemias despediram o povo, a fim de que este, segundo o costume judaico, saísse a celebrar as vitórias conquistadas no Senhor. No entanto, havia muitos pobres entre os israelitas. Então, numa demonstração de amor e fraternidade, Neemias exorta aos mais ricos a enviar uma generosa porção de alimento aos seus irmãos mais necessitados. A Palavra de Deus ensina-nos a respeito do socorro que se deve prestar aos mais carentes: “Aprendei a fazer o bem; praticai o que é reto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas” (Is 1.17). Não podemos ser omissos em relação ao sofrimento alheio (Tg 4.17).
3. “A alegria do Senhor é a nossa força” (Ne 8.10). O povo judeu estava desfrutando de grande alegria. Havia um clima de festa e de comemoração. E toda aquela felicidade era resultado do genuíno avivamento espiritual produzido pela exposição da Palavra de Deus. Era a alegria vinda de cima, do céu, da parte de Deus. Era “a alegria do Senhor”. Aleluia.
Somente após a exposição da Lei de Deus na Praça de Jerusalém, foi que irrompeu um dos maiores avivamentos da história sagrada. O povo alegrou-se com o Templo construído sob a liderança de Esdras. A nação jubilou com a restauração dos muros sob a administração de Neemias. Mas o avivamento somente veio quando todos ouviram, compreenderam e obedeceram a Palavra de Deus.
“O primeiro resultado mencionado a respeito da leitura da Lei é que ela causou muita tristeza, pois tomaram consciência de que a Lei de Deus havia sido infringida. ‘Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da Lei’ (Ne 8.9). Mas essa tristeza não durou muito tempo: ‘Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados’ (Mt 5.4). Quando Neemias e Esdras viram que o povo estava arrependido e chorava, eles provavelmente disseram: Não vos entristeçais, mas alegrai-vos porque Deus foi bondoso e perdoou o vosso pecado. ‘Porque esse dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força’ (Ne 8.10).
Isso parece ser uma simplificação do processo pelo qual uma alma oprimida pelo pecado passa a entender a disposição divina de perdoar e, de repente, troca a sua tristeza pela alegria. Embora isso não demande um longo período de tempo, basta, entretanto, que exista uma completa sinceridade. Parece que foi isso que aconteceu com aqueles que ouviram a leitura feita por Esdras” (Comentário Bíblico Beacon. 1.ed., V.2., RJ: CPAD, 2005, p.525).
“ todo o povo [retornou de suas cidades e] se ajuntou como um só homem, na praça, diante da Porta das Águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da Lei de Moisés’ (Ne 7.73b; 8.1).
O que foi isso? Foi certamente uma ocasião planejada, porque uma grande plataforma de madeira fora construída para a leitura feita por Esdras (8.4,5), e é natural supormos que o planejador foi Neemias. É fácil imaginá-lo anunciando a reunião, enquanto despedia-se de cada destacamento de sua força-tarefa: ‘Lembrem-se: estejam de volta no primeiro dia do mês, quando, juntos, aprenderemos a Lei do nosso Deus’. A necessidade de que todos conhecessem a revelação de Deus acerca da sua vontade e de seus caminhos, na Torá (os cinco livros de Moisés), era clara e óbvia: A Lei achava-se escrita em hebraico, enquanto todo o povo falava aramaico; e como, ao menos desde o exílio, não se fizera nenhuma tentativa de âmbito nacional de se ensinar a Lei, o povo comum era profundamente ignorante de seu conteúdo. E a ignorância torna impossível servir e agradar a Deus. Um programa nacional de instrução da lei divina fazia-se urgentemente necessário.
Vale a pena observar, [...] que uma reprodução do que Neemias fez em Jerusalém, na metade do quinto século a.C, é extremamente necessário no Ocidente moderno. Os pais já não ensinam a Bíblia aos filhos em casa; os pregadores, na igreja, são geralmente temáticos e superficiais, em vez de expositivos e teológicos; o ensino da Escola Dominical é muitas vezes rudimentar no que diz respeito à Bíblia; o sistema educacional público e a mídia, tanto popular quanto a acadêmica, tratam o cristianismo como uma letra morta, sobrevivente apenas como um hobby para pessoas de um estilo singular. Assim, não há em nossa cultura o menor encorajamento para se tornar biblicamente literato, e o resultado é uma geração assustadora e pateticamente ignorante da Palavra de Deus. Não se pode esperar nenhum movimento significativo em direção a Deus enquanto as coisas permanecerem como estão” (PACKER J. I. Neemias — Paixão Pela Fidelidade. Sabedoria extraída do livro de Neemias. 1.ed., RJ: CPAD, 2010, pp.166-67).
Arrependimento, a base para o concerto
Neemias 9.1-3,16,33-36.
1 - E, no dia vinte e quatro deste mês, se ajuntaram os filhos de Israel com jejum e com pano de saco e traziam terra sobre si.
2 - E a geração de Israel se apartou de todos os estranhos, e puseram-se em pé e fizeram confissão dos seus pecados e das iniquidades de seus pais.
3 - E, levantando-se no seu posto, leram no livro da Lei do Senhor, seu Deus, uma quarta parte do dia; e, na outra quarta parte, fizeram confissão; e adoraram o Senhor, seu Deus.
16 - Porém eles, nossos pais, se houveram soberbamente, e endureceram a sua cerviz, e não deram ouvidos aos teus mandamentos.
33 - Porém tu és justo em tudo quanto tem vindo sobre nós; porque tu fielmente te houveste, e nós impiamente nos houvemos.
34 - E os nossos reis, os nossos príncipes, os nossos sacerdotes e os nossos pais não guardaram a tua lei e não deram ouvidos aos teus mandamentos e aos teus testemunhos, que testificaste contra eles.
35 - Porque eles nem no seu reino, nem na muita abundância de bens que lhes deste, nem na terra espaçosa e gorda que puseste diante deles te serviram, nem se converteram de suas más obras.
36 - Eis que hoje somos servos; e até na terra que deste a nossos pais, para comerem o seu fruto e o seu bem, eis que somos servos nela.
OS RESULTADOS DE UM GENUÍNO AVIVAMENTO
“O Arrependimento e a Fé.O arrependimento e a fé são os dois elementos essenciais da conversão. Envolvem uma ‘virada contra’ (o arrependimento) e uma ‘virada para’ (a fé). As palavras primárias, no Antigo Testamento, para expressar a ideia de arrependimento são shuv (‘virar para trás’, ‘voltar’) e nicham (‘arrepender-se’, ‘consolar’). Shuv ocorre mais de cem vezes no sentido teológico, seja quanto ao desviar-se de Deus (1 Sm 15.11 ; Jr 3.19), seja no sentido de voltar para Deus (Jr 3.7; Os 6.1). A pessoa também pode desviar-se do bem (Ez 18.24,26) ou desviar-se do mal (Is 59.20; Ez 3.19), isto é, arrepender-se. O verbo nicham tem um aspecto emocional que não fica evidente em shuv, mas ambas as palavras transmitem a ideia do arrependimento.
O Novo Testamento emprega epistrephō no sentido de ‘voltar-se’ para Deus (At 15.19; 2 Co 3.16) e metanoeō / metanoiapara a ideia de ‘arrependimento’ (At 2.38; 17.30; 20.21; Rm 2.4). Utiliza-se de metanoeō para expressar o significado de shuv, que indica uma ênfase à mente e à vontade. Mas também é certo que metanoia, no Novo Testamento, é mais que uma mudança intelectual. Ressalta o fato de uma reviravolta da pessoa inteira, que passa a operar uma mudança fundamental de atitudes básicas.
Embora o arrependimento por si só não possa nos salvar, é impossível ler o Novo Testamento sem tomar consciência da ênfase deste sobre aquele. Deus ‘anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam’ (At 17.30). A mensagem inicial de João Batista (Mt 3.2), de Jesus (Mt 4.17) e dos apóstolos (At 2.38) era ‘Arrependei-vos! Todos devem arrepender-se, porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus’ (Rm 3.23)” (HORTON, S. M. et all. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10.ed., RJ: CPAD, 2006, p.368).
1. Arrependimento e confissão de pecados (Ne 9.1). Em Neemias capítulo oito, os judeus, quebrantados com o ensino da Lei de Deus, renovaram o seu o pacto com o Senhor. Eles jejuaram, vestiram-se de “pano de saco”, confessaram seus pecados e arrependeram-se de suas iniquidades. Esse avivamento não foi superficial; seus resultados duradouros são confirmados nas Escrituras (Leia os capítulos 10 a 12 de Neemias).
2. Sinais do verdadeiro arrependimento. Ao se lamentarem, os israelitas não expressaram um mero remorso. A partir de atitudes e gestos, demonstraram um sincero arrependimento, pois vestiram-se de “pano de saco e traziam terra sobre si”. Tais gestos evidenciavam, no Antigo Testamento, profunda humilhação diante de Deus. O uso da terra sobre a cabeça, por exemplo, denotava tristeza pelos pecados cometidos (Jó 2.12; 1 Sm 4.12; Lm 2.10). Hoje, tais gestos não são mais necessários. Todavia, o Senhor continua a requerer, de seus filhos, sincero e profundo arrependimento.
3. Apartaram-se dos povos idólatras (Ne 9.2a). O relacionamento com povos estranhos levara Israel à idolatria, contrariando frontalmente a Lei de Deus (Dt 18.9-12). Por isso, o sacerdote Esdras determinou aos israelitas que despedissem suas mulheres estrangeiras (Ed 10). Vivendo um grande e autêntico avivamento, o povo apartou-se dos costumes pagãos e passou a andar segundo a vontade de Deus. Este é o fruto do despertamento espiritual que vem do Senhor.
A LEI DO SENHOR E REMINISCÊNCIA
1. Valorizando a Lei do Senhor. “E, levantando-se no seu posto, leram no livro da Lei do Senhor, seu Deus, uma quarta parte do dia” (Ne 9.3a). Mais uma vez a Lei do Senhor é exposta. Sua leitura e explicação tomaram a “quarta parte do dia”. Foram exatamente seis horas de ensino da Palavra de Deus. E todos a ouviram atentamente. Ninguém deixou o seu lugar. Tem você se alimentado regularmente da Palavra de Deus?
2. A confissão dos pecados. Igual tempo foi dedicado à confissão de pecados: “Na outra quarta parte [do dia], fizeram confissão; e adoraram o Senhor, seu Deus” (Ne 9.3b). É importante observar que a leitura da Palavra gerou contrição, resultando em confissão de pecados. Assim, o avivamento espiritual não demorou a chegar.
3. Relembrando a história do seu povo. Os judeus passaram a recordar os fatos que marcaram a história da nação (Ne 9.7-9). Desde Abraão, passando pelo êxodo e a peregrinação no deserto, o relato culmina com a posse da Terra Prometida, onde foram eles abençoados em todos os seus empreendimentos. Os levitas enfatizaram, ainda, os atos que envolveram a intervenção direta de Deus na vida de seus antepassados (Ne 9.10). Os seus pecados também são trazidos à tona. Por isso, era necessário e urgente o arrependimento nacional.
A GRANDE MISERICÓRDIA DE DEUS
1. “Deus clemente e misericordioso” (Ne 9.31). Apesar dos muitos pecados cometidos pelos judeus, Deus não os desamparou (Ne 9.31). O Senhor é longânimo e misericordioso (Lm 3.22). E apesar de Israel permanecer na incredulidade, o Senhor continua, ainda hoje, a zelar por ele e a abençoá-lo, levando sempre em conta os termos da promessa que estabeleceu com Abraão.
2. A súplica de Israel. Já arrependidos de seus pecados e prestes a firmar o concerto com o Senhor, os judeus, sob a liderança de Neemias, suplicaram pela misericórdia divina (Ne 9.32). O povo clamou ao Senhor para que Ele não o abandonasse (Ne 9.34,35). E reconheceu com temor e tremor que, mesmo diante da tragédia, Deus se fazia presente (Ne 9.33).
3. Um firme concerto. “E, com tudo isso, fizemos um firme concerto e o escrevemos; e selaram-no os nossos príncipes, os nossos levitas e os nossos sacerdotes” (Ne 9.38). Quando o povo se arrepende e compromete-se definitivamente com Deus, o Senhor restaura-lhe a sorte (2 Cr 7.14-16). Ante a iminência do arrebatamento, faz-se necessário que nos concertemos com Deus. Além disso, vivemos dias difíceis e trabalhosos. Nossas igrejas veem-se ameaçadas por ensinos heréticos e muitos crentes já se deixaram tomar pela frialdade espiritual. E o mercantilismo que ameaça a pureza do Evangelho?
Não podemos ficar indiferentes! Humilhemo-nos, confessemos nossos pecados e clamemos pelo favor divino (Dn 9.9). Somente assim, o Senhor nos mandará um poderoso e genuíno avivamento.
Roguemos ao Senhor que nos avive no poder do Espírito Santo. E que os resultados desse avivamento possam ser claramente observados em vidas santas, transformadas e dedicadas ao serviço do Reino de Deus. Não foi exatamente isso que se deu no tempo de Esdras e Neemias? Somente um avivamento nos levará a cumprir integral e poderosamente as demandas da Grande Comissão que nos confiou o Senhor (Mt 28.19,20).
“A Pena foi paga.Pense deste modo. O pecado aprisionou você. O pecado trancou você atrás das grades da culpa, da vergonha, da decepção e do medo. O pecado não fez nada, mas acorrentou você ao muro da miséria. Então Jesus veio e pagou sua fiança. Cumpriu a sua pena; satisfez a penalidade e colocou-o em liberdade. Cristo morre, e quando você lançou sua sorte com Ele, seu velho eu também morreu.
O único modo de se ver livre da prisão do pecado é cumprindo a sua penalidade. Neste caso, a pena é a morte. Alguém tem de morrer; você ou o substituto celeste. Você não pode deixar a prisão a menos que haja uma morte. Porém, esta ocorreu no Calvário. E quando Jesus morreu, você morreu para a reivindicação do pecado em sua vida. Você está livre.
Cristo tomou o seu lugar. Você não precisa permanecer na cela. Já ouviu um prisioneiro liberto dizer que quer continuar preso? Nem eu. Quando as portas se abrem, os prisioneiros se vão. É inconcebível o pensamento de alguém preferindo a jaula à liberdade. Uma vez paga a penalidade, por que viver em cativeiro? Você está solto da penitenciária do pecado. Por que, ó céus, você haveria de querer pôr os pés nessa prisão outra vez?
Paulo recorda-nos: ‘O nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado, porque aquele que está morto, está justificado do pecado’ (Rm 6.6,7)” (LUCADO, M. Nas Garras da Graça. 1.ed., RJ: CPAD.1999, pp.112-13).
O compromisso com a Palavra de Deus
Neemias 10.28-33.
28 - E o resto do povo, os sacerdotes, os levitas, os porteiros, os cantores, os netineus e todos os que se tinham separado dos povos das terras para a Lei de Deus, suas mulheres, seus filhos e suas filhas, todos os sábios e os que tinham capacidade para entender
29 - firmemente aderiram a seus irmãos, os mais nobres de entre eles, e convieram num anátema e num juramento, de que andariam na Lei de Deus, que foi dada pelo ministério de Moisés, servo de Deus; e de que guardariam e cumpririam todos os mandamentos do Senhor, nosso Senhor, e os seus juízos e os seus estatutos;
30 - e que não daríamos as nossas filhas aos povos da terra, nem tomaríamos as filhas deles para os nossos filhos;
31 - e de que, trazendo os povos da terra no dia de sábado algumas fazendas e qualquer grão para venderem, nada tomaríamos deles no sábado, nem no dia santificado; e livre deixaríamos o ano sétimo e toda e qualquer cobrança.
32 - Também sobre nós pusemos preceitos, impondo-nos cada ano a terça parte de um siclo, para o ministério da Casa do nosso Deus;
33 - para os pães da proposição, e para a contínua oferta de manjares, e para o contínuo holocausto dos sábados, das luas novas, e para as festas solenes, e para as coisas sagradas, e para os sacrifícios pelo pecado, para reconciliar a Israel, e para toda a obra da Casa do nosso Deus.
Ao aceitarmos a Cristo como o nosso Senhor e Salvador, comprometemo-nos diretamente em seguir seus ensinamentos, pois não há possibilidade alguma de dizermos que somos seus seguidores sem vivê-los. Israel descobriu, após muito sofrimento, que se tivesse guardado a Lei, o povo não terminaria no cativeiro, as cidades não teriam sido devastadas e os muros não necessitariam de reconstrução. Quando pautamos nossa vida nas Sagradas Escrituras, naturalmente passamos a ter comunhão com o Senhor e a sua boa mão permanece sobre nós.
OBEDECENDO A PALAVRA DE DEUS
O Templo
A principal palavra hebraica para ‘templo’ é hekal, ‘palácio, edifício grande’ (cf. 1 Rs 21.1; Sl 45.8,15; Is 39.7). É uma palavra estrangeira incorporada do acádio ekallu, por sua vez importada do sumério E-GAL, ‘casa grande’. Além de suas referências ao Templo em Jerusalém, a palavra é usada para o santuário de Siló (1 Sm 1.9; 3.3), para a morada de Deus nos céus (2 Sm 22.7; Sl 11.4; 18.6; Is 6.1), e para templos pagãos (Jl 3.5). O termo heb. bayith, ‘casa’, é também frequentemente usado para templo, tanto para o templo de uma divindade pagã (Jz 9.46; 2 Rs 10.21 etc.) como para o Templo de Deus em Jerusalém (1 Rs 6.2-10; 2 Cr 35.20; etc.).
Em contraste com um ‘lugar alto’ (q.v.) ao ar livre, um templo era considerado principalmente a ‘casa’ ou local de morada de uma divindade, e apenas secundariamente um local de adoração. Assim sendo, o santuário mais interno, onde a imagem do deus (ou a arca da aliança do Senhor) era colocada, era geralmente uma pequena sala separada do povo.
Em grego, há 2 termos que significam ‘templo’. O mais genérico é hieron, o local do sacerdote, que se aplicava a todo o complexo do Templo com todos os seus átrios e prédios auxiliares. O mais específico é naos, ‘santuário, templo’, o próprio prédio principal do Templo. O uso bíblico desses termos é principalmente em referência ao santuário nacional dos judeus em Jerusalém, localizado no monte Moriá.
[...] O Segundo Templo
Esse segundo prédio não poderia ser comparado, em esplendor, com o de Salomão, mas ocupava o mesmo local e foi construído, de forma geral, utilizando a mesma planta. Deduz-se de Zacarias 6.9ss. que esse trabalho foi apoiado de forma generosa por aqueles que haviam permanecido na Babilônia.
Esse Templo, às vezes chamado de Templo de Zorobabel de acordo com o Talmude, carecia de cinco itens que havia no Templo de Salomão. Estes eram a arca da aliança, o fogo sagrado para consumir a oferta queimada inicial e os sacrifícios, a glória Shekinah, o Espírito Santo, e o Urim e Tumim. De acordo com Josefo, não havia nada no Santo dos Santos, onde a arca da aliança havia estado. Uma pedra foi colocada ali para uso do sumo sacerdote, mas não havia nenhum móvel. Nessa pedra o sangue da expiação era aspergido no Dia da Expiação, ao invés de no propiciatório da arca, como no Templo anterior” (Dicionário Bíblico Wycliffe.1.ed. RJ: CPAD, 2009, pp.1893,1898).
1. Um concerto com Deus. Após a restauração dos muros de Jerusalém, os judeus experimentaram um genuíno e profundo avivamento, levando-os a firmar o solene compromisso de obedecer rigorosamente a Palavra de Deus: “E, com tudo isso, fizemos um firme concerto e o escrevemos” (Ne 9.38).
2. Os líderes como exemplo (Ne 10.28-29). Nesse concerto, os líderes judaicos portaram-se exemplarmente e foram admirados pelo povo. Quando o obreiro age com fidelidade e amor, todos o seguem com alegria e obedecem, com júbilo, o que Deus nos ordena em sua Palavra. Liderança é, acima de tudo, caráter e exemplo (1 Pe 5.1-3).
Sem tais quesitos, os resultados são deploráveis.
3. A instrução das Escrituras. O progresso da família, da igreja ou da nação depende fundamentalmente da observância da Palavra de Deus. A Bíblia Sagrada é o guia seguro e infalível que nos conduz a uma vida vitoriosa e abundante. Tem você observado fielmente as Sagradas Escrituras?
UM POVO SEPARADO
1. A união reprovada por Deus. Ao tirar Israel do Egito, ordenou-lhe Deus, de modo claro e veemente, que não se misturasse com outros povos: “Guarda-te que não faças concerto com os moradores da terra aonde hás de entrar; para que não seja por laço no meio de ti e tomes mulheres das suas filhas para os teus filhos, e suas filhas, prostituindo-se após os seus deuses, façam que também teus filhos se prostituam após os seus deuses” (Êx 34.12,16). Esse preceito é repetido em outros textos sagrados (Dt 7.3; Ed 9.12,14). Os israelitas, porém, distanciando-se de Deus, fizeram justamente o contrário: uniram-se às mulheres pagãs. E o resultado não poderia ser mais desastroso. Mas agora, avivados pela Palavra de Deus, comprometeram-se a não mais se misturar com os idólatras através do casamento (Ne 10.30).
2. A dolorosa separação. Antes de Neemias, Esdras já havia conclamado o povo a não se misturar com os gentios: “Agora, pois, vossas filhas não dareis a seus filhos, e suas filhas não tomareis para vossos filhos” (Ed 9.12,14). Apesar desta ordenação, os judeus mesclaram-se com os pagãos através de casamentos ilícitos. Tais uniões tiveram de ser desfeitas. Foi uma medida traumática, mas necessária (Ne 10.28).
3. O jugo desigual. Não são poucos os que, atualmente, namoram e até se casam com pessoas alheias à verdadeira fé cristã, contrariando, assim, a admoestação bíblica: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas” (2 Co 6.14). Jovem, cuidado. É melhor obedecer agora do que sofrer mais tarde. Espere no Senhor. Obedeça aos seus pais. Consulte o seu pastor.
O CUIDADO COM O TEMPLO DO SENHOR
1. O Templo. Os israelitas amavam o Santo Templo, pois era o lugar em que adoravam ao Senhor. Por causa disso, comprometeram-se a ofertar, voluntária e regularmente, os “dízimos da terra” para a manutenção do culto divino (Ne 10.32-38). Para os israelitas, servir a Deus naquele santuário era um ato de indizível ventura. Infelizmente, muitos já não sentem alegria de estar na casa de Deus. A Bíblia, porém, exorta-nos a que não deixemos “a nossa congregação, como é costume de alguns” (Hb 10.25). Você se lembra do que disse o salmista enquanto se encaminhava ao santuário divino: “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor” (Sl 122.1).
2. O dia de adoração. No Antigo Testamento, os judeus santificavam o sábado como o dia de adoração ao Senhor. Uns vendilhões e mercadores, porém, desprezando a lei divina, expunham suas mercadorias, nos portais de Jerusalém, exatamente nesse dia. Assim, desviavam os judeus de sua devoção a Deus. A fim de manter a pureza do culto divino, Neemias viu-se obrigado a tomar sérias medidas, proibindo qualquer comércio no dia de culto (Ne 10.31).
Temos nós reservado, pelo menos um dia na semana, para cultuarmos ao Senhor? Sejamos mais assíduos à Escola Dominical, aos cultos de doutrina e aos demais trabalhos da igreja. Que jamais desprezemos o culto divino.
3. A manutenção da Casa do Senhor. “Também sobre nós pusemos preceitos, impondo-nos cada ano a terça parte de um siclo, para o ministério da Casa do nosso Deus; para os pães da proposição, e para a contínua oferta de manjares, e para o contínuo holocausto dos sábados, das luas novas, e para as festas solenes, e para as coisas sagradas, e para os sacrifícios pelo pecado, para reconciliar a Israel, e para toda a obra da Casa do nosso Deus” (Ne 10.32-34).
Em virtude do concerto estabelecido entre Deus e o seu povo, os judeus, sob a liderança de Neemias, restauraram a contribuição para a manutenção da Casa do Senhor no valor de “um terço de um siclo” – quatro gramas de prata. As ofertas eram trazidas com alegria aos oficiantes do culto. Os crentes verdadeiramente avivados tudo fazem com júbilo, porque desejam agradara Deus em todas as coisas. Como estamos adorando a Deus?
Quando o povo de Deus, avivado por sua Palavra, compromete-se com os supremos negócios de seu Reino, a igreja desdobra-se em adoração e serviços, para que o Evangelho chegue aos confins da terra. Os crentes, então, passam a contribuir e a testemunhar com amor e intenso júbilo, porque sabem que “Deus ama ao que dá com alegria” (2 Co 9.7). Sem avivamento não pode haver verdadeira adoração. Aviva, ó Senhor, a tua obra.
“Além do avivamento iniciado na Porta das Águas, o gesto mais significativo da resposta à graça e à visitação de Deus ainda estava por vir. No vigésimo quarto dia daquele mês, três semanas e meia depois, foi estabelecido um dia nacional de arrependimento e renovação do compromisso. [Os judeus] comprometeram-se a cinco atitudes específicas: primeiro, proibir casamentos mistos tanto para homens como mulheres; segundo, preservar a santidade do sábado; terceiro, proteger os pobres, deixando a terra descansar no sétimo ano (quando, de acordo com Êx 23.11, os pobres poderiam servir-se de qualquer coisa que nela crescesse), e perdoando toda dívida no sétimo ano, de acordo com Deuteronômio 15.1-11; quarto, apresentar no Templo todo o primogênito, tanto dos humanos quanto dos animais, o que significaria pagar um preço pelo primeiro e entregar o segundo (veja Nm 18.14-19); e quinto, fornecer dinheiro (taxa do Templo), lenha e o dízimo para a manutenção do serviço do Templo, ‘assim não desampararíamos a Casa do nosso Deus’ (Ne 10.39; veja vv.30-39). Além da intrínseca importância desses compromissos para uma vida nacional piedosa, eles tinham um claro significado de penhor, garantindo que toda a Lei seria fielmente guardada, e demonstrando a resolução de pôr Deus acima de todas as coisas. Constituíam-se eles numa comovente expressão de fé, esperança e amor” (PACKER, J. I. Neemias — Paixão Pela Fidelidade. RJ: CPAD, 2010, pp.180-81).
A organização do serviço religioso
Neemias 12.27-31,43.
27 - E, na dedicação dos muros de Jerusalém, buscaram os levitas de todos os seus lugares, para os trazerem, a fim de fazerem a dedicação com alegria, louvores, canto, saltérios, alaúdes e harpas.
28 - E se ajuntaram os filhos dos cantores, tanto da campina dos arredores de Jerusalém como das aldeias de Netofa,
29 - como também da casa de Gilgal e dos campos de Gibeá e Azmavete; porque os cantores tinham edificado para si aldeias nos arredores de Jerusalém.
30 - E purificaram-se os sacerdotes e os levitas; e logo purificaram o povo, e as portas, e o muro.
31 - Então, fiz subir os príncipes de Judá sobre o muro e ordenei dois grandes coros e procissões, sendo um à mão direita sobre o muro da banda da Porta do Monturo.
43 - E sacrificaram, no mesmo dia, grandes sacrifícios e se alegraram, porque Deus os alegrara com grande alegria; e até as mulheres e os meninos se alegraram, de modo que a alegria de Jerusalém se ouviu até de longe.
Os descendentes da tribo de Levi eram os responsáveis pela adoração a Deus e, por este motivo, suas vidas deveriam ser ilibadas. Hoje não pode ser diferente: homens e mulheres que servem na Casa do Senhor devem manter suas vidas ilibadas, suas ações devem ser dirigidas pela Palavra de Deus. Tomemos, pois, o exemplo de Neemias e Esdras, homens que serviam e cultuavam a Deus reverentemente. O Culto ao Senhor precisa ser organizado e santo, não se pode fazer dele um espetáculo, cujos líderes ou dirigentes se portem como “animadores de auditório”.
OS SACERDOTES QUE VIERAM PARA JERUSALÉM COM ZOROBABEL.
1. Os que vieram com Zorobabel. O capítulo 12 do livro de Neemias tem início com uma relação dos sacerdotes que vieram a Jerusalém juntamente com Zorobabel. Como se sabe, foi esse abnegado servo de Deus quem liderou o primeiro grupo de exilados judeus que, autorizados por Ciro, o Grande, deixou a Babilônia rumo à Cidade Santa. Zorobabel incentivou a reconstrução do Templo e restabeleceu a adoração a Deus. Sem tais ações, a restauração de Jerusalém seria impossível. Observe: só foram admitidos como ministros do altar os que puderam comprovar a sua ascendência levítica. Isso nos ensina que o ministério cristão deve ser exercido por aqueles que realmente foram chamados por Deus.
2. O ministério sacerdotal. Descendentes de Levi, tinham os sacerdotes como missão representar o povo diante de Deus. Deveriam eles, portanto, ser santos e irrepreensíveis diante de Deus e dos homens (Lv 21.16-21). Todo sacerdote era levita, mas nem todo levita era sacerdote. Várias eram as suas funções: tornar possível a mediação entre o povo e Deus, fazer a expiação pelos pecados da nação, ensinar a Lei de Deus, queimar incenso e cuidar do castiçal e da mesa dos pães da proposição (Lv 10.11; Ez 44.23). Como está o nosso serviço cristão? Temos zelado por nossa chamada?
3. O ministério dos levitas. Somente os levitas estavam autorizados por Deus a trabalhar no Tabernáculo. Eles tinham como função primordial ensinar a Palavra de Deus e como se deve adorá-lo (Dt 33.10). Exímios músicos que eram, eles requeriam que o seu ministério fosse plenamente restaurado, a fim de participarem do culto de dedicação dos muros de Jerusalém. Consciente dessa urgência, Neemias restabeleceu-os de imediato em suas várias funções. Senhor, ajuda-nos a ser mais zelosos para com as coisas que nos confiaste.
A DEDICAÇÃO DOS MUROS
1. A participação dos levitas. “E, na dedicação dos muros de Jerusalém, buscaram os levitas de todos os seus lugares, para os trazerem, a fim de fazerem a dedicação com alegria, louvores, canto, saltérios, alaúdes e harpas” (Ne 12.27). Era imprescindível a presença dos levitas na realização dos sacrifícios e na condução do culto ao Senhor. Afinal, eles eram os responsáveis pela adoração divina. O que aprendemos nesse ponto? Os obreiros têm hoje uma grande responsabilidade diante de Deus: levar o povo a adorá-lo na beleza de sua santidade.
2. A participação dos cantores. “E se ajuntaram os filhos dos cantores, tanto da campina dos arredores de Jerusalém como das aldeias de Netofa, como também da casa de Gilgal e dos campos de Gibeá e Azmavete; porque os cantores tinham edificado para si aldeias nos arredores de Jerusalém” (Ne 12.28,29). Na dedicação dos muros de Jerusalém, fazia-se obrigatória a apresentação de cânticos de adoração e louvor a Deus.
Por isso, Neemias reuniu os 148 cantores que descendiam de Asafe (Ne 7.44) e mais 245 que procediam de outras famílias levíticas (Ne 7.67), para que bendissessem ao Senhor. Que importância damos à verdadeira música sacra no culto divino? Que as nossas orquestras e corais sejam assíduos na adoração a Deus.
3. A purificação dos sacerdotes e do povo. “E purificaram-se os sacerdotes e os levitas” (Ne 12.30). Como os filhos de Levi estavam à frente das solenidades da dedicação dos muros de Jerusalém, requeria-se fossem eles um exemplo de pureza e santidade. Caso contrário, como poderiam eles purificar o povo? Mas, como agiam fielmente, os levitas purificaram os demais judeus para que ninguém ficasse de fora daquela ocasião tão especial (Ne 12.30b).
Que ninguém se esqueça da ordenação divina: “Fidelíssimos são os teus testemunhos; à tua casa convém a santidade, SENHOR, para todo o sempre” (Sl 93.5 — ARA). De que valem as circunstâncias e pompas do culto se os adoradores acham-se distantes de Deus e comprometidos com o mundo? Não agia assim o Israel do Antigo Testamento? Ouçamos o que diz o Senhor por intermédio de Isaías: “ Este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu” (Is 29.13 — ARA).
É urgente, pois, que adoremos a Deus não apenas com os lábios, mas principalmente com o coração. É também chegado o momento de se ensinar aos crentes o valor e a atualidade da doutrina da santificação; sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12.14). É da vontade de Deus, pois, que todos os seus adoradores sejam santos (1 Ts 4.3).
. CELEBRANDO A DEUS PELA VITÓRIA
1. A festa de dedicação. Neemias organizou cuidadosamente o cerimonial da festa de dedicação dos muros de Jerusalém que, tendo em vista as provações a que os judeus haviam sido submetidos, revestia-se de especial importância e significado. Era preciso, pois, que o acontecimento fosse marcado por uma sincera e profunda devoção ao Senhor.
Neemias, então, determinou que fossem organizados dois grandes cortejos, dos quais participariam os levitas, os cantores e os príncipes de Judá (Ne 12.27-43). Um cortejo foi liderado por Esdras; o outro, por Neemias. Os grupos, embora caminhassem em direções opostas, encontrar-se-iam no Santo Templo. Ali, finalmente, foi realizado o grande culto em ação de graças a Deus. Como estamos adorando a Deus? Damos-lhe a devida honra?
2. Uma liturgia santa. Neemias teve o cuidado de elaborar uma liturgia ordeira e santa, pois a Palavra de Deus ensina-nos que o culto deve ser conduzido reverentemente. O salmista adverte-nos: “Adorai ao Senhor na beleza da santidade; tremei diante dele todos os moradores da terra” (Sl 96.9). Você tem cultuado a Deus da forma que Ele requer e merece? Não podemos nos achegar à presença do Senhor de qualquer maneira. Ele é santo e exige santidade do seu povo. Não podemos transformar o culto divino num espetáculo deprimente.
3. Os sacrifícios (v.43). Naquele dia, foram oferecidos muitos sacrifícios a Deus. Os israelitas reconheceram os benefícios do Senhor e demonstraram o desejo de adorá-lo em santidade e pureza. Na Nova Aliança, não precisamos mais oferecer sacrifícios de animais ao Senhor. Todavia, devemos apresentar-nos a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável que é o nosso culto racional (Rm 12.1). Dediquemos-lhe, pois, incondicionalmente nossa vida por tudo que Ele é e tem feito por nós.
Ensina-nos a vida de Neemias que devemos ser gratos a Deus por todas as bênçãos que dEle temos recebido. Assim como fez Neemias, cultuemos ao Senhor reverentemente. O culto e a adoração a Deus não podem ser feitos de qualquer maneira. Que o nosso culto, por conseguinte, seja dirigido com decência e ordem (1 Co 14.40).
Adorar a Deus significa Reservar tanto o sentido como a própria verbalização do verbo adorar somente ao Pai Celestial. Entender que nenhum dicionarista do mundo em tempo algum poderia expressar em palavras o quanto o Senhor deve ser estimado, venerado e amado, e que adorar é a maior expressão de nossa língua, onde podemos encerrar sentimentos de amor vivo, puro e incondicional por um ser. Deus está acima de todos os seres que conhecemos. Portanto, utilizemos esse verbo exclusivamente para o Senhor. Adorar supera amar. Amamos por decisão quem conhecemos, quem um dia vai nos deixar, quem um dia deixaremos. Todavia, adorar só cabe, através da fé, a quem nunca vimos, a quem nunca vai nos deixar, a quem nunca pretendemos deixar. Somente com Deus isso é possível, porque Deus:
• Promete estar conosco todos os dias (Mt 28.20);
• É o Criador de tudo (Ap 14.7; Sl 19.1);
• É soberano (Sl 95.1-13);
• É Santo (Sl 29.2);
• É provedor da nossa salvação (Gn 22.8);
• É Pai amoroso (Jo 3.16);
• É Justo Juiz (Jz 11.27; Sl 75.7);
• É Fiel (1 Co 1.9; 10.13);
• É Digno (Ap 4.11)”.
O exercício ministerial na Casa do Senhor
Neemias 13.1-8.
1 - Naquele dia, leu-se no livro de Moisés aos ouvidos do povo; e achou-se escrito nele que os amonitas e os moabitas não entrassem jamais na congregação de Deus,
2 - porquanto não tinham saído ao encontro dos filhos de Israel com pão e água; antes, assalariaram contra eles a Balaão para os amaldiçoar, ainda que o nosso Deus converteu a maldição em bênção.
3 - Sucedeu, pois, que, ouvindo eles esta lei, apartaram de Israel toda mistura.
4 - Ora, antes disso, Eliasibe, sacerdote, que presidia sobre a câmara da Casa do nosso Deus, se tinha aparentado com Tobias;
5 - e fizera-lhe uma câmara grande, onde dantes se metiam as ofertas de manjares, o incenso, os utensílios e os dízimos do grão, do mosto e do azeite, que se ordenaram para os levitas, e cantores, e porteiros, como também a oferta alçada para os sacerdotes.
6 - Mas, durante tudo isso, não estava eu em Jerusalém, porque, no ano trinta e dois de Artaxerxes, rei de Babilônia, vim eu ter com o rei; mas, ao cabo de alguns dias, tornei a alcançar licença do rei.
7 - E vim a Jerusalém e compreendi o mal que Eliasibe fizera para beneficiar a Tobias, fazendo-lhe uma câmara nos pátios da Casa de Deus,
8 - o que muito me desagradou; de sorte que lancei todos os móveis da casa de Tobias fora da câmara.
Ministro: [Do lat. Ministrum] servidor, servo.
Nosso caráter é trabalhado pelo Espírito Santo que nos vai tornando, dia a dia, mais útil a Deus, à sua Igreja e ao próximo (Cl 5.22). Infelizmente, há obreiros que, resistindo à voz do Espírito, agem como aqueles líderes judaicos que, apesar de haverem participado do avivamento em Jerusalém, não reverenciavam nem a Deus nem a sua casa. Haja vista o que fez o sumo sacerdote Eliasibe. Na ausência de Neemias, ele deixou-se levar por interesses familiares. E, abusando de suas prerrogativas, abriu guarida para que Tobias, o amonita, fizesse do Santo Templo a sua morada (Ne 13.5).
No trato com as coisas divinas, devemos agir com muito temor e tremor, porque Deus não se deixa escarnecer.
CONTAMINAÇÃO DO MINISTÉRIO
1. O sacerdote aparentado com o ímpio. Após o grande avivamento ocorrido em Jerusalém, coisas estranhas passaram a acontecer no Santo Templo. Eliasibe, o sumo sacerdote (Ne 13.28), ignorando as demandas da lei divina, começou a agir permissivamente em relação à administração da Casa de Deus. Tudo começou quando ele aparentou-se com a família de Tobias (13.4). Portanto, se nos associarmos ao mundo, em breve estaremos descartando a ética cristã como algo de somenos importância em nossa vida. Assim, perderemos nossas propriedades de luz do mundo e sal da terra.
2. Privilégios abusivos (Ne 13.5). Eliasibe, usando sua influência de maneira profana, veio a beneficiar justamente o arqui-inimigo do povo de Deus. Alojou Tobias nas dependências do Santo Templo, onde eram guardados os dízimos, ofertas de manjares, o incenso e os utensílios do culto divino.
O que leva um homem de Deus a agir dessa forma? Muito cuidado e vigilância. Fomos constituídos por Cristo para sermos o exemplo dos santos, conforme recomenda Paulo a Timóteo: “Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza” (1 Tm 4.12 — ARA). O apóstolo, nessa passagem, deixa bem claro ao jovem pastor, que o homem de Deus deve ser, em todas as coisas, incorruptível.
A JUSTA INDIGNAÇÃO DO HOMEM DE DEUS
1. A firmeza de um líder. Quando Neemias retornou a Jerusalém e compreendeu “o mal que Eliasibe fizera [ao povo de Deus] para beneficiar a Tobias” (13.7), reagiu àquela situação com zelo e coragem. Fazendo uso de sua autoridade, lançou “todos os móveis de Tobias fora da câmara” do Templo (Ne 13.7,8). Não fez o mesmo Jesus com os vendilhões e cambistas que haviam transformado a Casa de Deus num covil de ladrões?
2. A resposta do povo. Essa medida ousada e enérgica de Neemias fez que o povo recobrasse o ânimo e voltasse a contribuir com mais amor e liberalidade: “Então, todo o Judá trouxe os dízimos do grão, e do mosto, e do azeite aos celeiros” (Ne 13.12). O povo de Deus espera que os seus líderes sejam realmente íntegros, transparentes e comprometidos com os negócios do Reino.
3. O procedimento do líder cristão. O que nos ensina Neemias? Em primeiro lugar, que amemos a Deus e sejamos zelosos por suas coisas. Agindo assim, jamais toleraremos a corrupção e a desonestidade em nosso meio, pois fomos chamados por Deus para ser a luz do mundo e o sal da terra. Que todos nos reconheçam, pois, por nossa elevada ética e pela irrepreensibilidade de nossa postura. Menos do que isso é inaceitável. À semelhança de Neemias, jamais abusemos da autoridade que nos confiou o Senhor Jesus, mas ajamos com toda sabedoria e prudência (Rm 12.8; 1 Pe 5.1-4).
HONESTIDADE E TRANSPARÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO
1. A razão da necessidade dos recursos financeiros na igreja. Do Senhor é a terra e a sua plenitude, bem como o mundo e todos os seus habitantes (Sl 24.1; At 17.25). Mas não podemos ignorar que a expansão de seu Reino demanda investimentos humanos e materiais. Ou seja: na expansão do Evangelho até aos confins da Terra, precisamos de recursos financeiros. O próprio Jesus e os apóstolos deles necessitaram. Todavia, não podemos nos esquecer que, na administração de tais recursos, temos de agir com total fidelidade e transparência (Tt 1.7).
2. A procedência dos recursos da igreja. Nossos recursos financeiros não são provenientes do Estado nem de organismos internacionais. Eles provêm dos dízimos e das ofertas dos santos. Todavia, a ética cristã não é ferida se fundações e centros sociais pertencentes à igreja, e que beneficiam toda a comunidade, receberem dotações do poder público. Isso está previsto em lei. Nesse caso, redobremos nossa vigilância e cuidado, para que nenhum escândalo venha manchar o nosso bom nome.
Apesar dos recursos extras, não deve a igreja local abster-se de usar os próprios meios na evangelização, na obra missionária e no cuidado com os mais necessitados (Tg 1.27).
3. Zelo pelos recursos da igreja. As finanças da igreja local devem ser empregadas com fidelidade, sabedoria e transparência na expansão do Reino de Deus e no socorro aos mais necessitados. Tomando o exemplo de Neemias, administremos os bens que os santos consagram a Deus com lisura e temor (Pv 1.7). Menos do que isso, repito, é inaceitável.
Se não estivermos comprometidos com a Palavra de Deus, nossa administração será reprovada por Deus e pelos homens. Entre as coisas que mais contribuem para a queda do obreiro (além dai sensualidade, da soberba e do poder) está o amor ao dinheiro! (1 Tm 6.10). Tomemos, pois, o exemplo de Neemias. Ajamos com fidelidade e sabedoria em todas as coisas. E o nome de Cristo será exaltado em nossa vida.
A Correção dos Abusos nos Serviços do Templo
Outro abuso, cometido quando Neemias se ausentou de Jerusalém, está relacionado com os serviços do Templo e uma adequada manutenção dos levitas e outros funcionários. Não só havia acontecido uma utilização errada das câmaras do santuário — caso da ocupação de Tobias — como em muitas ocasiões as ofertas não haviam sido recebidas. Consequentemente, os levitas e até os cantores tinham sido obrigados a voltar ao campo e ganhar a vida na agricultura. Isso significa que, apesar das cuidadosas providências que haviam sido tomadas por Neemias há muito pouco tempo (12.44-47), os serviços do Templo haviam sido negligenciados. Os diversos deveres que eram de responsabilidade dos levitas não eram executados. Neemias discutiu esse assunto com os principais líderes da cidade. Por que se desamparou a casa de Deus? ele perguntou. Por causa de sua insistência esses abusos foram rapidamente remediados, o povo voltou a trazer seus dízimos e ofertas, homens de confiança foram colocados como responsáveis pelo tesouro do Templo, e foi feita uma adequada provisão para atender às necessidades daqueles que tomavam parte dos serviços” (Comentário Bíblico Beacon. Vol. II. Josué a Ester. 1.ed. RJ: CPAD, 2006, p.534).
O dia de adoração e serviço a Deus
Neemias 13.15,17; Atos 20.7-12.
15 - Naqueles dias, vi em Judá os que pisavam lagares ao sábado e traziam feixes que carregavam sobre os jumentos; como também vinho, uvas e figos e toda casta de cargas, que traziam a Jerusalém no dia de sábado; e protestei contra eles no dia em que vendiam mantimentos.
17 - E contendi com os nobres de Judá e lhes disse: Que mal é este que fazeis, profanando o dia de sábado?
Atos 20
7 - No primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e alargou a prática até à meia-noite.
8 - Havia muitas luzes no cenáculo onde estavam juntos.
9 - E, estando um certo jovem, por nome Êutico, assentado numa janela, caiu do terceiro andar, tomado de um sono profundo que lhe sobreveio durante o extenso discurso de Paulo; e foi levantado morto.
10 - Paulo, porém, descendo, inclinou-se sobre ele e, abraçando-o, disse: Não vos perturbeis, que a sua alma nele está.
11 - E, subindo, e partindo o pão, e comendo, ainda lhes falou largamente até á alvorada; e, assim, partiu.
12 - E levaram vivo o jovem, e ficaram não pouco consolados.
Deus havia ordenado na lei de Moisés, que os israelitas guardassem o dia de sábado. O propósito era que o povo tivesse um dia de descanso, a fim de adorar ao Senhor. Todavia, por diversas vezes, eles não cumpriam esta ordenança divina. No tempo de Neemias não foi diferente. Bastou o servo de Deus se ausentar por um período de tempo para que o povo voltasse a não observar a guarda do sábado. Neemias, num gesto de temor a Deus, mandou que os mercadores se ausentassem da cidade e parassem com o comércio. Sabemos que a guarda do sábado era um sinal da aliança de Deus com Israel, porém, na Nova Aliança, a morte vicária de Jesus fez com que as exigências cerimoniais da lei fossem canceladas. Para o cristão o domingo é o dia de adoração e serviço a Deus.
Consagração: Do latim consecrationem. Dedicação amorosa e sacrifical ao serviço divino.
No Antigo Testamento, Deus ordenou aos israelitas que guardassem o sábado como dia de repouso e de adoração. Os filhos de Israel, porém, ignorando o mandamento divino, quebrantavam constantemente o dia santo. Haja vista o que aconteceu na época de Neemias. Já egressos do exílio e já instalados em sua terra, os judeus continuaram a profanar o dia do Senhor.Neemias, então, ordenou que ao pôr do sol da sexta-feira, quando tinha início o sábado, fossem as portas de Jerusalém devidamente fechadas para que ninguém vendesse ou comprasse. Assim, o sábado não seria violado
DEUS ORDENA A GUARDA DO SÁBADO
1. Uma ordenança divina para os israelitas. “Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados, porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor, que vos santifica” (Êx 31.13). A observância do sábado era parte do concerto que Deus fizera com Israel e constituía-se num sinal de que este era um povo santo, separado das demais nações e que pertencia exclusivamente a Deus. Nesse dia, os israelitas consagravam-se a servir e adorar ao Senhor. A Igreja de Cristo também tem um dia no qual se dedica integralmente a Deus. Referimo-nos ao domingo, que é o primeiro dia da semana, pois neste o Senhor Jesus ressuscitou (Mc 16.2,9). É um princípio que todos os crentes devem considerar seriamente.
2. Um sinal entre Deus e o seu povo. Segundo o Dicionário Bíblico Wycliffe, “Deus ordenou a guarda do sábado como um sinal de sua aliança e do seu relacionamento com Israel” (Êx 31.12-17). O sábado representava o selo da aliança mosaica (cf. Is 56.4,6). Por conseguinte, quem o profanasse, pagaria com a própria vida: “Qualquer que no dia de sábado fizer obra, certamente morrerá” (Êx 31.15).
3. O propósito divino da guarda do sábado. A guarda do sábado tinha como propósito proporcionar ao homem um dia de descanso, adoração e serviço ao Senhor. O povo, reunido em assembleia solene, trazia-Lhe suas ofertas. O sábado, pois, era um dia de regozijo e alegria na presença de Deus. Os que amavam e obedeciam ao Senhor não tinham dificuldades em guardá-lo, pois a sua observância lembrava-os que Deus os havia libertado da escravidão do Egito (Dt 5.15).
O DESCUMPRIMENTO DA LEI MOSAICA NO TEMPO DE NEEMIAS.
1. O desrespeito pela guarda do sábado. Neemias tinha consciência de que o povo quebrara os mandamentos do Senhor em diversas ocasiões. Por conseguinte, todos deveriam saber que, cumprir a Lei, não era uma opção: era algo que o Senhor demandava dos israelitas. Se estes, porém, violassem o mandamento, seriam punidos com toda a sorte de maldições descritas em Levítico 26.13-33.
Hoje, embora não precisemos observar o sábado, temos de levar em conta esse princípio e consagrar a Cristo pelo menos um dia na semana para adorá-lo, estudar a sua Palavra na Escola Dominical e cultuar a Deus em nossas reuniões.
2. A ganância dos mercadores. Neemias protestou contra os negociantes que desrespeitavam o sábado (Ne 13.20,21). Visando apenas os lucros, os tais pouco se importavam com o bem estar social e espiritual da nação. Por isso, Neemias decidiu agir energicamente. Ele não se calou diante do pecado; não podia compactuar com o erro. Qual a nossa postura diante do pecado? Condenamo-lo? Ou mostra-nos lenientes com a transgressão?
3. Neemias proíbe o comércio no sábado. Neemias ordenou que, na sexta-feira, ao pôr do sol, os portões da cidade fossem fechados e assim permanecessem até ao final do sábado. Como os mercadores continuassem fora da cidade, Neemias deu-lhes um ultimato: “Por que passais a noite defronte do muro? Se outra vez o fizerdes, hei de lançar mão sobre vós” (Ne 13.21). Os comerciantes, atemorizados, foram embora. Neemias, então, exortou os judeus e gentios de Jerusalém a que guardassem o sábado, a fim de evitar o juízo divino sobre a cidade. E quanto a nós? Temos separado um dia na semana para servir a Deus? Ou estamos preocupados demais com o aumento de nosso patrimônio?
A GUARDA DO SÁBADO EM O NOVO TESTAMENTO
1. A essência do dia de descanso. É imprescindível que o ser humano tenha, ao menos, um dia de descanso semanal, a fim de conservar a sua saúde física, mental e espiritual. Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, “aqueles que desprezam o princípio do dia semanal de descanso provocam sua própria ruína”, pois somos o “templo do Espírito Santo” (cf. 1 Co 3.16,17; 6.19).
No entanto, há pessoas que, ansiosas quanto ao futuro, não separam um dia sequer para descansar. E acabam, por isso, desenvolvendo doenças como hipertensão, enxaqueca e insônia.
Algumas chegam ao óbito prematuramente. E o que dizer do crente que assim age? Será que ele ainda não sabe que a comunhão dos santos traz vida e vigor tanto para a alma quanto para o corpo? Leia atentamente o Salmo 133.
2. Jesus e o dia de descanso. Certa vez, Jesus foi inquirido pelos fariseus quanto ao fato de os seus discípulos colherem espigas num dia de sábado. Respondeu-lhes o Senhor que nenhuma lei estava sendo transgredida, pois semelhantemente agira Davi e seus homens quando premidos pela fome. Além do mais, era Ele o Senhor do sábado (Mc 2.26-28). Segundo Lawrence Richards, Jesus deixou-lhes bem claro que “somente Ele tem o direito de determinar o que é e o que não é desrespeitar o sábado”.
Cristo aproveitou a oportunidade para explicar aos fariseus, que o sábado fora criado por causa do homem e não o homem por causa do sábado (Mc 2.27). Aliás, Ele sempre posicionou-se contra o abuso dos fariseus a respeito da guarda do sábado. Todavia, Ele nunca anulou o princípio de que o homem precisa de um dia de descanso. Como você tem tratado o seu corpo? Tem reservado um dia para repousar e servir a Deus?
3. O cristão deve guardar o sábado? Não! O sábado judaico não é mais obrigatório para os crentes, pois já não estamos sob o jugo da Lei (Rm 6.14). Com a morte expiatória de Jesus, as exigências cerimoniais da legislação mosaica foram completamente canceladas, pois todas foram plenamente cumpridas em Cristo e por Cristo (Cl 2.14,16). Então, por que guardamos o domingo? Como Jesus ressuscitou no primeiro dia da semana, isto é, hum domingo (Mt 28.1), a Igreja Primitiva passou a reunir-se nesse dia para adorar e servir a Deus (At 20.7; 1 Co 16.2). Por isso, os cristãos celebramos o domingo como dia de descanso, adoração e comunhão maior com o Senhor e com o seu povo. O que não podemos deixar de ter é, pelo menos, um dia para estarmos com o Senhor, em sua casa, adorando-o em espírito e em verdade.
“A palavra hebraica para sabbath significa ‘cessão’. O sabbath era o dia santo e o dia de descanso tanto para os homens quanto para os animais (Êx 20.8-11). Esse dia celebra o descanso de Deus depois de sua obra de criação do mundo (Gn 2.2). Deus estabeleceu o padrão para a vida — trabalhar seis dias e descansar no sétimo. Assim a origem do sabbath encontra-se no relato da criação. No monte Sinai, o sabbath — já em existência — tornou-se formalmente parte da lei (sua observância é um dos Dez Mandamentos) e um sinal da aliança com Israel e de seu relacionamento com esse povo (Êx 20.8-11). Guardar o sábado era um sinal que demonstrava submissão a Deus e honrá-lo trazia grandes bênçãos (Is 58.13,14). Na época de Jesus, os legalistas judeus adicionaram todo o tipo de regras e regulamentos novos para que se guardasse apropriadamente o Sabbath. Assim, o sabbathtornou-se um fardo, em vez de uma bênção. Esses legalistas judeus substituíram a lei divina por suas próprias leis (Mt 15.29). Jesus levantou-se contra o legalismo. Guardar o sábado é o único dos Dez Mandamentos que não se repete depois do dia de Pentecostes (At 2). A Igreja Primitiva adotou o domingo como o dia de adoração [...] e continuou a fazer isso regularmente (At 20.7; 1 Co 16.2)” (RHODES, R. O Cristianismo Segundo a Bíblia, 1.ed., RJ: CPAD, 2007, pp.194-95).
As consequências do jugo desigual
Neemias 13.23-29.
23 - Vi também, naqueles dias, judeus que tinham casado com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas.
24 - E seus filhos falavam meio asdodita e não podiam falar judaico, senão segundo a língua de cada povo.
25 - E contendi com eles, e os amaldiçoei, e espanquei alguns deles, e lhes arranquei os cabelos, e os fiz jurar por Deus, dizendo: Não dareis mais vossas filhas a seus filhos e não tomareis mais suas filhas, nem para vossos filhos nem para vós mesmos.
26 - Porventura, não pecou nisso Salomão, rei de Israel, não havendo entre muitas nações rei semelhante a ele, e sendo amado de seu Deus, e pondo-o Deus rei sobre todo o Israel? E, contudo, as mulheres estranhas o fizeram pecar.
27 - E dar-vos-íamos nós ouvidos, para fazermos todo este grande mal, prevaricando contra o nosso Deus, casando com mulheres estranhas?
28 - Também um dos filhos de Joiada, filho de Eliasibe, o sumo sacerdote, era genro de Sambalate, o horonita, pelo que o afugentei de mim.
29 - Lembra-te deles, Deus meu, pois contaminaram o sacerdócio, como também o concerto do sacerdócio e dos levitas.
Casamento: União voluntária de um homem e uma mulher.
O que é o casamento? Não é um mero contrato social nem um subproduto da cultura humana. O casamento é uma instituição divina e, como tal, deve ser devidamente considerado, conforme recomenda-nos a Palavra de Deus: “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém aos que se dão à prostituição e aos adúlteros Deus os julgará” (Hb 13.4).
Nesta lição, por conseguinte, veremos como o cristão deve encarar o casamento. Veremos, ainda, como as uniões mistas prejudicam o povo de Deus e por que o crente não se deve pôr num jugo desigual com os incrédulos.
O CASAMENTO NO ANTIGO TESTAMENTO
1. A natureza do casamento. O casamento é uma instituição estabelecida por Deus como parte de sua criação. Trata-se de uma aliança monogâmica e heterossexual, comprometendo um homem e uma única mulher (Gn 1.26,27; 2.18; 3.16). De ambos, fez o Senhor uma só carne (Gn 2.24). Logo, a união entre pessoas do mesmo sexo é abominação aos olhos de Deus (Lv 18.22).
O matrimônio é a base da sociedade e, segundo a ordenança bíblica, não pode ser dissolvido: “Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem” (Mt 19.6b). A única exceção para a dissolução de um casamento é aquela apontada por Cristo: “Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério [e o que casar com a repudiada comete adultério]” (Mt 19.9 — ARA).
2. Casamentos proibidos. Deus ordenou aos israelitas, após a saída do Egito, que não se misturassem às nações cananeias, pois estas eram idólatras e abomináveis aos seus olhos (Êx 33.2). A ordem era clara e Israel não poderia ignorá-la, porque os casamentos mistos acabariam por quebrar a aliança divina, tornando o povo de Deus semelhante aos gentios (Dt 7.1-6).
Apesar de todas as advertências, Salomão não observou os preceitos divinos. Ele uniu-se por casamento aos povos ímpios e pagãos, acerca dos quais o Senhor advertira a Israel que não fizesse aliança com eles. Diz a Bíblia que o rei de Israel “andou em seguimento de Astarote, deusa dos sidônios, e em seguimento de Milcom, a abominação dos amonitas” (1 Rs 11.5). Salomão desobedeceu a Deus e levou Israel à ruína. Sob a influência de suas mulheres estrangeiras, construiu altares aos deuses estranhos, caindo assim no pecado da idolatria (1 Rs 11.6-8). Cuidado com as uniões que desagradam a Deus.
Quem não leva em conta os mandamentos divinos sofrerá pesadas consequências.
O CASAMENTO MISTO NO TEMPO DE NEEMIAS
1. A constatação do erro. Neemias observou que os judeus, após a volta do cativeiro babilônico, estavam caindo no mesmo pecado de Salomão: “Vi também, naqueles dias, judeus que tinham casado com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas” (Ne 13.23).
Os judeus sabiam muito bem que Deus era contra os casamentos mistos, pois estes, além de contrariar os seus mandamentos, sempre acabavam por trazer sérias consequências à nação (Ne 13.26). A ordenança do Senhor era clara e não comportava nenhuma dúvida: “Não darás tuas filhas a seus filhos e não tomarás suas filhas para teus filhos; pois elas fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses; e a ira do Senhor se acenderia contra vós e depressa vos consumiria” (Dt 7.3,4).
No entanto, Israel não ouviu a Deus e frontalmente o desobedeceu, suscitando a ira divina contra todo o povo. Como você, jovem, tem agido em relação ao casamento? Tem levado em conta a vontade divina ou o seu próprio querer?
2. As consequências do casamento misto. Por causa dos casamentos mistos, as famílias judaicas começavam a enfrentar um sério problema: a perda de todas as suas referências culturais e espirituais: “E seus filhos falavam meio asdodita e não podiam falar judaico, senão segundo a língua de cada povo” (Ne 13.24). Como se vê, as mulheres asdoditas exerciam mais influência sobre os filhos dos judeus do que os seus próprios pais. Se as crianças não falavam o hebraico, isto significava que não estavam sendo educadas no caminho de Deus (Lv 20.7), mas criadas como pagãs. Você tem conduzido seus filhos no Evangelho?
RESPONSABILIDADE MINISTERIAL ACERCA DO CASAMENTO.
1. O jugo desigual. A reação de Neemias contra os casamentos mistos fez-se pronta e energicamente (13.25). Ao retornar a Jerusalém (13.6,7), adotou várias medidas saneadoras tanto na administração da cidade quanto no exercício do santo ministério. Ele sabia que o povo jamais teria a bênção de Deus se continuasse a misturar-se com os idólatras.
Não podemos ignorar os perigos do jugo desigual. A família cristã tem de ser bem constituída. Que os nossos jovens levem sempre em consideração o conselho de Paulo: “Casar com quem quiser, mas somente no Senhor” (1 Co 7.39 — ARA). O apóstolo adverte ainda: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?” (2 Co 6.14,15).
2. As consequências do jugo desigual. Há crentes que, embora dedicados ao serviço do Senhor, ignoraram a recomendação divina e vieram a contrair núpcias com pessoas que não compartilham a mesma fé. E hoje sofrem pesadas consequências. Seus filhos, à semelhança das crianças israelitas do tempo de Neemias, não possuem quaisquer referências espirituais. Além do mais, quando o descrente influencia o crente, este logo apostata da fé. Que Deus nos livre do naufrágio espiritual!
Não estamos sugerindo que o crente se divorcie do cônjuge descrente, até porque a Palavra de Deus recomenda exatamente o contrário: “[...] Se algum irmão tem mulher incrédula, e esta consente em morar com ele, não a abandone; e a mulher que tem marido incrédulo, e este consente em viver com ela, não deixe o marido” (1 Co 7.12,13 — ARA). No entanto, insistimos: os que estão para se casar, observem a Palavra de Deus e não se ponham num jugo desigual com os incrédulos.
3. Uma recomendação sempre atual. Que jamais venhamos a esquecer-nos do exemplo de Neemias. Aconselhemos nossos jovens e os que estão para se casar, que procurem agir segundo a vontade de Deus. E não se casem com os que não partilham a mesma fé. Basta um passo errado para que toda uma vida seja irremediavelmente prejudicada. Nossas decisões não podem ser tomadas levianamente. A exemplo de Neemias, oremos ao Senhor, pedindo-lhe venha abençoar e purificar o seu povo (Ne 13.29)!
Deus instituiu o casamento para ser uma bênção. No entanto, precisamos obedecer ao Senhor, para que as suas promessas cumpram-se em nossas vidas. Não podemos esquecer os conselhos bíblicos quanto à vida conjugal. Que a igreja esteja sempre atenta quanto à preservação dos valores familiares cristãos. Invistamos no aconselhamento dos que estão para se casar e dos que já se casaram, para que nada venha prejudicar o nosso lar, e assim tenhamos condições de professar como Josué: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor”.
“Na época de Neemias, era necessário que o pecado fosse claramente identificado e que o povo de Deus fosse mantido rigorosamente separado da influência das nações pagãs daquela época. Só assim o plano redentor de Deus poderia ser executado em seu devido tempo, e todos os povos do mundo teriam a oportunidade de receber os benefícios da salvação.
Apesar da grande reforma feita por Esdras, a respeito de alianças matrimoniais com nações estrangeiras, e, apesar do pacto que havia sido recentemente ratificado no qual o povo havia prometido abster-se desse costume, Neemias descobriu ao voltar de Susã que muitos judeus da comunidade haviam novamente voltado à pratica de se casar com mulheres (pagãs) estranhas. Mulheres estranhas seriam ‘esposas estrangeiras’. Como consequência, as crianças seriam criadas em lares judeus que não falavam a língua de seus pais. Nesta questão, até a família do sumo sacerdote Eliasibe havia desobedecido à lei de Moisés. Eliasibe estava ligado, por casamento, a Tobias [...]. Mas, o que era pior, um de seus netos, que estava na sua linhagem de sucessão, havia se casado com a filha de Sambalate, o maior inimigo dos judeus desse período” (Comentário Bíblico Beacon. Vol. II, 1.ed., RJ: CPAD, 2005, p.535).
A integridade de um líder
Neemias 1.5-11.
5 - E disse: Ah! Senhor, Deus dos céus, Deus grande e terrível, que guardas o concerto e a benignidade para com aqueles que te amam e guardam os teus mandamentos!
6 - Estejam, pois, atentos os teus ouvidos, e os teus olhos, abertos, para ouvires a oração do teu servo, que eu hoje faço perante ti, de dia e de noite, pelos filhos de Israel, teus servos; e faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel, que pecamos contra ti; também eu e a casa de meu pai pecamos.
7 - De todo nos corrompemos contra ti e não guardamos os mandamentos, nem os estatutos, nem os juízos que ordenaste a Moisés, teu servo.
8 - Lembra-te, pois, da palavra que ordenaste a Moisés, teu servo, dizendo: Vós transgredireis, e eu vos espalharei entre os povos.
9 - E vós vos convertereis a mim, e guardareis os meus mandamentos, e os fareis; então, ainda que os vossos rejeitados estejam no cabo do céu, de lá os ajuntarei e os trarei ao lugar que tenho escolhido para ali fazer habitar o meu nome.
10 - Estes ainda são teus servos e o teu povo que resgataste com a tua grande força e com a tua forte mão.
11 - Ah! Senhor, estejam, pois, atentos os teus ouvidos à oração do teu servo e à oração dos teus servos que desejam temer o teu nome; e faze prosperar hoje o teu servo e dá-lhe graça perante este homem. Então, era eu copeiro do rei.
APRENDENDO COM NEEMIAS ALGUNS PRINCÍPIOS DE LIDERANÇA:
1. Tenha um propósito claro e continue avaliando-o à luz da vontade de Deus. Nada impediu que Neemias permanecesse em sua trajetória.
2. Seja direto e honesto. Todos sabiam, exatamente, do que Neemias precisava, e ele falou a verdade até mesmo quando a própria verdade aparentemente tornaria o seu objetivo ainda mais difícil de alcançar.
3. Viva de uma forma irrepreensível. As acusações contra Neemias eram falsas e vazias.
4. Seja uma pessoa que ora constantemente, recebendo poder e sabedoria através de seu contato com Deus.Todas as ações de Neemias glorificaram a Deus.
5. Leia e obedeça a Palavra de Deus. Neemias amava a Palavra. Ele reuniu o povo na praça principal da cidade para ouvir a Palavra de Deus.
Integridade: Qualidade de íntegro, retidão.
Ao longo deste trimestre, estudamos o livro de Neemias e aprendemos o que é a verdadeira liderança e como devemos exercê-la. Encerrando o trimestre, destacaremos as principais características que fizeram de Neemias um dos maiores líderes da história sagrada. Que o seu exemplo nos inspire a nos dedicarmos, com mais afinco e amor, à Seara do Mestre, a fim de que cumpramos a missão que Ele nos entregou.
DEUS ESCOLHE E PREPARA LÍDERES PARA SUA OBRA
1. Um copeiro a serviço do Reino. Neemias era copeiro do rei Artaxerxes quando Deus o chamou a liderar o seu povo num momento de profunda crise moral, espiritual e econômica. Ele tinha como função proteger a vida do rei, provando-lhe o vinho, a fim de que o monarca não fosse envenenado. Somente alguém especialmente qualificado poderia exercer semelhante cargo. Segundo alguns historiadores, os copeiros também aconselhavam o soberano em assuntos de estado. Não obstante, Neemias abriu mão de todas essas vantagens, para ajudar seus compatriotas a superar aquele momento tão difícil. Atualmente, não são poucos os homens e mulheres que tudo renunciam para se dedicarem integralmente ao Reino de Deus.
2. Uma rainha a serviço do Reino. Certa vez, o rei Assuero, já tomado pelo vinho, resolveu exibir a beleza da esposa aos seus convidados. Como a rainha Vasti se recusasse a comparecer perante ele, o monarca destronou-a. E para ocupar o seu lugar, o rei determinou que se convocassem as mais belas moças do reino, a fim de que, dentre estas, fosse escolhida a substituta de Vasti. E a escolha recaiu sobre Ester, que foi usada por Deus para operar um grande livramento. Ester destacou-se por uma coragem singular; ela não temeu perder a própria vida. Somente os grandes líderes agem assim.
3. Um pastor de ovelhas a serviço do Reino. Tendo já rejeitado a Saul, o Senhor determinou ao profeta Samuel que fosse a Belém ungir, dentre os filhos de Jessé, um rei segundo o seu coração (1 Sm 16.1). A escolha divina recaiu sobre o caçula da família que, naquele momento, cuidava das ovelhas do pai (1 Sm 16.13). E grandes foram as obras realizadas por Davi. Deus não olha para a aparência do ser humano, mas para o coração. O que agrada ao Senhor é um caráter reto e íntegro. Essa é uma das principais características de um verdadeiro líder.
AS CARACTERÍSTICAS DE UM LÍDER DE DEUS
1. Integridade espiritual. Neemias não compactuava com os pecados do povo. Homem íntegro e temente a Deus, não se limitou a reconstruir os muros e as portas de Jerusalém, mas conduziu a nação a uma profunda reforma moral e espiritual. Ele restaurou o ministério levítico, combateu o casamento misto (Ne 13.25) e restabeleceu a guarda do sábado. O líder espiritual conduz o povo à santidade e a um viver íntegro.
2. Integridade moral. Neemias administrou os recursos financeiros e patrimoniais da nação com honestidade, transparência e sabedoria. Ele não utilizou indevidamente os recursos financeiros do povo de Deus, mas agiu com muita correção e cuidado (Ne 5.9-12). Há um ditado popular que diz: “Quer saber quem é realmente uma pessoa? Dê-lhe poder”. Há certos homens e mulheres que, ao assumirem um cargo de liderança, mudam completamente. Agem com arrogância e desonestidade. O poder, entretanto, não corrompeu a Neemias. Ele soube como manter a sua integridade.
3. Um testemunho irrepreensível. Neemias viveu de forma correta e integra. Não podemos nos esquecer que liderança é exemplo. O discurso do líder tem de ser coerente com a sua prática.
A VIDA DEVOCIONAL DO LÍDER DE DEUS
1. A oração. Na Palavra de Deus, há vários exemplos de líderes que foram bem-sucedidos graças à oração. Davi e Daniel oravam três vezes ao dia (Sl 55.17; Dn 6.10). Paulo orava em todo o tempo (Ef 6.18). E Jesus orava diariamente (Mt 26.44). A oração preparou Neemias para enfrentar impiedosos ataques. Se ele não tivesse o hábito de orar, certamente teria sucumbido diante das dificuldades. A oração fortalece a alma e as mãos do homem de Deus.
2. O estudo da Palavra de Deus. Neemias reuniu o povo na praça principal da cidade para ouvir a Palavra de Deus (Ne 8.1-3). Todo crente necessita ler e estudar a Bíblia diariamente, para crescer no conhecimento do Senhor (2 Pe 3.18). Infelizmente, há obreiros que, por não estudarem a Bíblia, acham-se espiritualmente fracos. Um líder nessas condições porta-se como menino espiritual. Precisamos ter a Palavra de Deus no coração para não pecarmos contra o Senhor (Sl 119.11).
3. Adoração ao Senhor. Adorar é uma forma de agradecer a Deus, reconhecendo-O como o Senhor de nossas vidas, pois tudo o que somos e temos vêm dEle. Observe o que diz o salmista: “Eu te louvarei, Senhor, de todo o meu coração; contarei todas as tuas maravilhas. Em ti me alegrarei e saltarei de prazer; cantarei louvores ao teu nome, ó Altíssimo” (Sl 9.1,2).
Neemias adorou a Deus: “Ah! Senhor, Deus dos céus, Deus grande e terrível, que guardas o concerto e a benignidade para com aqueles que te amam e guardam os teus mandamentos!” (Ne 1.5). Na dedicação dos muros e portas de Jerusalém, preparou um culto especial de adoração e louvores a Deus (Ne 12.27) e ordenou que dois corais fossem à frente dos cortejos durante a celebração (Ne 12.38). O verdadeiro líder adora a Deus, porque sabe que toda a glória deve ser endereçada ao Senhor de toda a glória. Aleluia.
Neemias é um exemplo de liderança bem-sucedida. Ele não permitiu que nada o impedisse de agradar ao Senhor. Ele soube como conduzir a reconstrução de Jerusalém e a restauração espiritual dos judeus. A sua vida de oração, leitura da Palavra de Deus e adoração fizeram com que ele prosseguisse vitorioso, apesar da oposição que lhe moviam os adversários. Há muito trabalho no Reino de Deus até ao arrebatamento da Igreja. Trabalhemos, pois, como Neemias. Sejamos fiéis e íntegros em todas as coisas, a fim de que o nome do Senhor seja sempre exaltado.
“Deus trabalha por intermédio de seu povo para realizar até mesmo tarefas consideradas humanamente impossíveis. Ele costuma moldar as pessoas com características de personalidade, experiências e treinamento de modo a prepará-las para o seu ministério, e essas pessoas não costumam sequer ter ideia do que Deus tem reservado para elas. Deus preparou e posicionou Neemias para realizar uma dessas tarefas ‘impossíveis’ da Bíblia. Neemias era um homem comum em uma posição especial. Ele estava seguro na condição de bem-sucedido copeiro do rei Artaxerxes, da Pérsia. Neemias possuía pouco poder, mas grande influência. [...] Do início ao fim Neemias orou pedindo a ajuda de Deus. Ele nunca hesitou em pedir que Deus se lembrasse dele, encerrando sua autobiografia com as seguintes palavras: ‘Lembra-te de mim, Deus meu, para o bem’. Talvez você não tenha as habilidades específicas de Neemias ou até mesmo pense que está em uma posição onde nada pode fazer para Deus; mas existem duas formas através das quais você pode ser útil ao Senhor. Primeiro, seja uma pessoa que fala com Deus. Permita que Ele entre em sua vida e compartilhe-a com Ele — suas preocupações, seus sentimentos e seus sonhos. Segundo, seja uma pessoa que anda com Deus. Coloque em prática aquilo que você aprende nas Escrituras Sagradas. Deus pode ter uma missão ‘impossível’ para realizar através de sua vida” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. 1.ed., RJ: CPAD, 2004, p.670).